quarta-feira, 25 de abril de 2012

Moçambique: Governo apostado em desminar país até 2014, mas necessita de 24 ME



MMT - Lusa

Maputo, 25 abr (Lusa) - O governo moçambicano necessita de 24 milhões de euros para desminar 17 dos 128 distritos e, assim, evitar pedir a prorrogação do prazo limite de remoção de minas anti-pessoal estipulado no âmbito da Convenção de Otava.

O diretor do Instituto Nacional de Desminagem (IND) de Moçambique, Alberto Augusto, disse que os 24 milhões de euros são "o valor ideal" para cumprir o plano de desminagem dos campos minados no país, até 2014.

As autoridades moçambicanas dispõem de apenas 10,5 milhões de euros para esta fase de trabalhos de remoção de minas anti-pessoal nas províncias de Maputo, Inhambane, Sofala, Tete e Manica.

"O governo de Moçambique gostaria de não fazer pedido de prorrogação do prazo. O valor ideal para que possamos ter Moçambique livre de minas são 32 milhões de dólares (24 milhões de euros). Atualmente temos 14 milhões de dólares (10,5 milhões de euros), por isso que digo que penso que será possível" remover todas as minas no país dentro de dois anos, disse Alberto Augusto.

Na terça-feira, o governo da Austrália anunciou que irá disponibilizar três milhões de dólares australianos (cerca de 2,3 milhões de euros) por um período de três anos para ajudar Moçambique a cumprir a meta estabelecida pelas Nações Unidas que querem ver todos os países livres de minas até março de 2014.

Falando na cerimónia de entrega da verba, o diretor do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), Jocelyn Mason, considerou o trabalho "um grande desafio, mas realizável", pois "o PNUD como os governos dos países doadores reiteram o seu compromisso de ajudar o Governo de Moçambique a atingir este desafio".

Jocelyn Mason lembrou que "nos anos 90 previa-se que a desminagem dos chamados '5 grandes' países mais minados do mundo, nos quais se inclui Moçambique, iria durar cerca de 150 anos. Hoje, 20 anos depois do acordo geral de paz (que pôs termo à guerra civil entre o governo da Frelimo e a Resistência Nacional de Moçambique, assinado em Roma em 1992) e a pouco menos de 23 meses do fim do prazo da Convenção de Otava, Moçambique pode tornar-se no primeiro e, se calhar, no único país dos '5 grandes' a ver-se livre de minas".

A alta comissária da Austrália para Moçambique, Ann Harrap, disse que o apoio do seu demonstra a importância que as autoridades australianas "atribuem a um mundo livre de minas e o vigor das relações bilaterais entre os dois países".

O diretor do IND assegurou que dos 128 distritos moçambicanos, 86 já estão livres de minas e que, este ano, a instituição vai classificar mais 25 distritos e ficará com apenas 17 por desminar até 2014.

"Temos capacidade técnica para desminar o país. O que precisamos é a parte financeira. Penso que é possível (remover as minas no país até março de 2014). Apesar da crise mundial, estamos a ver mais países a dar os seus apoios a Moçambique para desminagem", disse.

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