quinta-feira, 5 de abril de 2012

MORDAÇA E ROUBOS DA ELITE DO MPLA, DEPOIS DA GUERRA MILITAR, SÃO PAZ PODRE



Leandro Vasconcelos

Angola comemorou ontem, 4 de Abril, 10 anos de acordos de entendimento que alegadamente trouxeram-nos a paz. É verdade que a paz militar é quase plena mas ao longo destes anos desenvolveu-se outro tipo de guerra contra os angolanos derivado do domínio do MPLA e do pensamento único que insiste em implementar a todo o custo. Até através do custo mais elevado: a vida dos que discordam e pensam de modo diferente.

Angola sobrevive numa paz podre que se mostra assim que alguém tende a contestar o regime que o MPLA impõe. Ainda há dias vimos exatamente isso na violenta repressão exercida pelo partido de Eduardo dos Santos quando da tentativa de manifestação, em Luanda e em Benguela, que contesta a nomeação ilegal de Suzana Inglês para a CNE.

As tropas de choque, as milícias do MPLA, raptaram, agrediram, prenderam, torturaram, contestatários ao seu regime do pensamento único e da idolatria a JES. Para Eduardo dos Santos, presidente de Angola há mais de três décadas sem nunca ter sido eleito, isto é paz. Sim, uma paz podre, numa ditadura mascarada de democracia. Uma pretensiosa paz assente num regime fraudulento, corrupto, vincadamente absoluto, que compra com dólares pertencentes a todos os angolanos o apoio internacional de que carece para continuar a roubar.

Não podemos afirmar com toda a propriedade que desde há dez anos Angola vive em paz quando um povo é amordaçado e os roubos da elite do MPLA predominam. Paz? Uma paz podre é o que se vive em Angola com a cumplicidade da comunidade internacional, principalmente da Europa e dos EUA.

Para mais vasto conhecimento tomo a liberdade de apegar em seguida dois títulos com matéria relacionada. Sobre o que a UNITA afirma, da vigência de uma “paz militar”, todos sabemos que assim é – retirando um ou outro excessos de militares no interior e que não chega à midia – mas é impossível de não questionar aquilo que general Abreu Muengo Ukwachitembo "Kamorteiro" declara no segundo título a seguir: General, quanto está a render esta paz - que alega sem mácula - para si e para o seu excepcional umbigo?

Sobrevivemos, isso sim, numa paz podre que nos sufoca, oprime e priva de um regime legitimo, transparente, democrático e de liberdade. (LV)

UNITA considera que a paz alcançada há 10 anos é "apenas uma paz militar"
 
EL Lusa

Luanda, 05 abr (Lusa) - A UNITA considera que a paz em Angola, alcançada há 10 anos, continua "a ser apenas a paz militar", continuando por passar à prática os princípios constitucionais das liberdades fundamentais.

A posição da UNITA, maior partido da oposição, inscreve-se na passagem do 10.º aniversário do fim da guerra civil, com a assinatura, a 04 de abril de 2002, no Luena, de um Memorando de Entendimento entre o Governo e a então guerrilha da UNITA, que acabou com uma guerra civil de cerca de 30 anos.

Embora reconheça que o 04 de Abril de 2002 representa "o início de uma nova etapa do processo político angolano", a UNITA lamentou, em comunicado, que continuem por se cumprir "os objetivos políticos preconizados no âmbito da democratização e da reconciliação nacional".

Para o maior partido da oposição, as reformas previstas nos vários Acordos de Paz, para a criação de "um verdadeiro Estado de Direito Democrático em Angola e ao estabelecimento de um sistema de Governo realmente democrático, apenas conheceram passos muito tímidos".

"As liberdades fundamentais dos angolanos, constitucionalmente consagradas, continuam coartadas com a intensificação, nos últimos tempos, de atos de intolerância política praticados em quase todo o país, de forma coordenada, por elementos afetos ao partido no poder que, perante o silêncio conivente das autoridades do país, destroem propriedades, símbolos partidários e causam desaparecimentos, ferimentos e perda de vidas humanas entre militantes e membros de partidos na oposição, sobretudo os da UNITA", lê-se no documento.

Por outro lado, o processo de desmobilização e de reinserção social dos ex-militares continua por concluir, alerta ainda a UNITA.

Na sua declaração, a UNITA criticou o que considera ser o "aumento de múltiplas assimetrias sociais" na sociedade angolana, que considera serem "produto de injustiças sociais, resultantes de más políticas e da má distribuição da riqueza, da corrupção e da falta de transparência dos atos de governação".

No mesmo sentido, acusou o facto de os "recursos naturais estratégicos" de Angola apenas beneficiarem "uma minoria de angolanos, em detrimento de uma maioria que continua a viver com menos de um dólar por dia".

"Aprofunda-se, assim, cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, o que se pode transformar num fator de tensão social com consequências nefastas", referiu.

Face a esta situação, a UNITA defendeu que "a paz militar deve evoluir para a paz social, através do aprofundamento da democracia bem como através da prática da justiça económica e social".

O partido da oposição exortou ainda todos os angolanos, sobretudo o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos, a "empenhar-se verdadeiramente na transformação desta paz militar em paz social, que se traduza em bem estar, com mais saúde, mais e melhor educação, mais habitação, mais segurança, mais tolerância e inclusão entre os angolanos, independentemente das convicções políticas de cada um".

Signatário do Memorando de Entendimento do Luena faz balanço "muito positivo" dos dez anos de paz

Lusa

Luanda, 05 abr (Lusa) - O general Abreu Muengo Ukwachitembo "Kamorteiro", que conduziu do lado da UNITA os acordos de paz de 4 de Abril, no Luena, capital da província do Moxico, faz um balanço "muito positivo" dez anos depois.

Angola comemorou na quarta-feira dez anos desde o fim da guerra, em 2002, que durante mais de três décadas deixou desavindos os angolanos, opostos por duas forças militares, especificamente a UNITA e o Governo.

A morte em combate do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, determinou o fim das hostilidades no país, permitindo a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena, complementar ao Protocolo de Lusaca, de 1994.

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