... que negoceiam saída crise
MB – Lusa
Bissau, 22 abr (Lusa) - Elementos que representam mais de cem organizações da sociedade civil, que hoje reuniram-se no Parlamento da Guiné-Bissau, apelaram ao PAIGC, maior partido do país, para participar nas conversações com militares de modo a ultrapassar a crise política.
Os apelos foram feitos à saída de uma série de reuniões que estão a decorrer no Parlamento guineense para tentar encontrar uma saída para a crise criada com o golpe de Estado. Em nome do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que junta mais de 100 organizações), Filomeno Cabral disse aos jornalistas que "sem o PAIGC será impossível encontrar-se uma saída à crise" existente.
"Condenamos o golpe, apelamos o regresso à normalidade democrática e constitucional através do Parlamento e da devolução do poder ao PAIGC", disse Filomeno Cabral, salientando que esta é o posicionamento das organizações da sociedade civil.
O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) recusa-se a participar nas reuniões com os militares autores do golpe de Estado alegando que só aceita dialogar após a libertação do seu líder e primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, bem como Raimundo Pereira, Presidente interino do país, ambos detidos, em parte incerta, pelos militares.
De acordo com este ativista, o Movimento da Sociedade Civil vai procurar "fazer a ponte" entre o PAIGC e os autores do golpe no sentido de convencer o partido de Carlos Gomes Júnior a aceitar vir para as conversações.
"A sociedade civil vai fazer a ponte e chamar o PAIGC à razão para vir à mesa das negociações, para que possa colocar as suas condições, isto é, a exigência de libertação dos seus líderes. Será necessária a presença do PAIGC nas negociações para a saída desta crise", observou Filomeno Cabral.
A necessidade da vinda do PAIGC para as conversações foi também reconhecida por Serifo Nhamadjo, presidente interino do Parlamento e por Fernando Vaz, porta-voz do fórum dos partidos da oposição que apoiam o golpe militar.
Serifo Nhamadjo, indigitado pelos partidos que apoiam o golpe para ser Presidente interino do país, mas que recusou o cargo, disse que vai tudo fazer para trazer o PAIGC para a busca das soluções para a saída da crise.
"Vou insistir para que os representantes do meu partido possam sentar-se connosco para definirmos as regras. Mesmo estando a reivindicar alguma coisa temos que conversar e esclarecer as posições, isso não se faz com a política de cadeira vazia", notou Nhamadjo, membro da cúpula do PAIGC, mas que se incompatibilizou com a direção de Carlos Gomes Júnior.
Fernando Vaz, que se tem assumido como o porta-voz dos partidos que apoiam o golpe militar, afirmou que tem que haver cedências de parte a parte.
Desde há uma semana que a Guiné-Bissau está sob controlo de um Comando Militar que executou um golpe de Estado, prendendo o Presidente da República e o primeiro-ministro. O golpe está a ser condenado pela comunidade internacional e Portugal já enviou uma fragata e uma corveta, que compõem a Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, para preparar a eventual retirada de cidadãos nacionais daquele país.
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