sexta-feira, 13 de abril de 2012

Portugal: HÁ UNS ANOS, VENDIAM A MAC AO “EL CORTE INGLÉS”



Carlos Fonseca - Aventar

Carlos Monjardino, neto do fundador da MAC, diz o ‘Público’, esteve a ver uns papéis lá em casa, manuscritos pelo avô, e concluiu que o Ministério da Saúde poderá fazer da MAC o que bem entender.

Sem atender a princípios fundamentais de ‘interesse público’, o prepotente Macedo recebeu, assim, uma chancela de cunho bem vincado para certificar a decisão abstrusa, anti-social e até anti-científica de encerrar a MAC.

Quem quiser ver com olhos de ver, facilmente percebe que MAC e Hospital de Santa Maria, com a transferência de 2.100 partos / ano, serão sacrificados em favor do Hospital de Loures, construído e explorado em regime de PPP com a Espírito Santo Saúde. A mulherzinha que preside ao negócio de saúde do BES é uma tal Isabel Vaz que, como escreveu o meu amigo João José Cardoso, é autora da célebre frase: “Melhor negócio do que a saúde só o das armas”.

No meio do penalizante receituário da ‘troika’, as PPP’s ainda consistem das poucas excepções como recomendações positivas de contenção de despesas ao governo. Este, e o Ministério da Saúde em especial, faz-se desentendido. Vai desmantelar uma unidade de 1.ª linha, a MAC, reduzir actividade no Hospital de Santa Maria, aumentando a despesa pública de saúde com os pagamentos ao BES, no âmbito da PPP de Loures.

Curioso é também verificar que feito por estes é um bem; pelo outro seria um mal. E atenção!, ainda está na mira de um determinado grupinho afecto a Paulo Macedo convencer a ‘troika’ a aceitar a PPP do Hospital de Todos-os-Santos em Lisboa. Lá vão mais uns milhões para os bolsos de alguns.

Tudo isto é o supremo objectivo do negócio. À frente dos interesses dos cidadãos e do progresso da ciência médica em Portugal, destacam-se os negócios. Pena é que a crise financeira europeia esteja a castigar, sem apelo nem agravo, o mercado, o sacro-santo mercado. Porque se fosse há uns anos, na época do consumismo a todo o vapor, o edifício da MAC acabaria vendido ao “El Corte Inglés”. “Y Olé!”.

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