Seguro, pseudo opositor do governo Passos Coelho |
Nuno Sá Lourenço, Maria José Oliveira - Público
Um dia antes do regresso de António José Seguro às reuniões do grupo parlamentar dos socialistas, Pedro Nuno Santos abandonou funções na direcção da bancada em discordância com a liderança do PS.
"O secretário-geral do PS deve ter nas suas equipas deputados que acreditem e o apoiem no posicionamento e estratégia para o PS. Não é o meu caso." Foi assim que o ex-vice-presidente da bancada socialista Pedro Nuno Santos justificou ontem ao PÚBLICO a sua demissão, invocando divergências com a direcção do partido em "matérias estruturantes", nomeadamente em "matéria laboral e matéria económica europeia".
A decisão do também presidente da federação distrital de Aveiro do PS foi transmitida ontem à tarde ao líder parlamentar, Carlos Zorrinho, e ao secretário-geral, António José Seguro. O pedido foi aceite, sem que nenhum destes dois dirigentes tivesse reagido à tomada de posição. À agência Lusa, a direcção da bancada justificou a demissão com "motivos de carácter pessoal".
A saída de Pedro Nuno Santos da direcção da bancada poderá não ser a única. O sentimento de frustração em relação a Seguro não será exclusivo do deputado. Mais do que um parlamentar socialista reconhecia ontem não saber "se a coisa fica por aqui". A reunião desta noite, em que o grupo parlamentar estará pela primeira vez em muitos meses com Seguro, poderá ser decisiva para definir posições. "Se houver um clima de unidade, o problema pode ultrapassar-se; se houver afrontamentos e antagonismos, isso vai ter consequências", admitiu um deputado do principal partido da oposição.
Contudo, existe quem mantenha a esperança de que a reunião resulte numa reaproximação com a direcção do partido. Mas a verdade é que todos reconhecem que o encontro tem potencial explosivo. Resta saber se Seguro vai "deitar álcool na fogueira", aponta um deputado.
A demissão de Santos concluiu assim um longo processo de distanciamento com Seguro, que foi apoiado pelo antigo secretário-geral da JS na corrida à liderança do partido. O gradual afastamento começou com a discussão a propósito do sentido de voto sobre o Orçamento do Estado de 2012, com Santos a defender o chumbo e Seguro a optar pela "abstenção violenta". Na passada semana, as divergências tiveram mais um episódio com a votação do código laboral.
Nuno Santos defendia o voto contra e Seguro impôs a disciplina de voto pela abstenção. A gota de água foi a defesa do voto favorável aos tratados europeus (ver texto em baixo), já expressa por Seguro.
O bater com a porta do líder do PS-Aveiro é um sinal do divórcio do secretário-geral relativamente à corrente interna mais à esquerda, que tem vindo a defender posições mais radicais em relação às propostas do Governo e que não está associada, em termos ideológicos, ao grupo de deputados mais próximos do antigo líder José Sócrates.
PS ameaça Isabel Moreira
A decisão do também presidente da federação distrital de Aveiro do PS foi transmitida ontem à tarde ao líder parlamentar, Carlos Zorrinho, e ao secretário-geral, António José Seguro. O pedido foi aceite, sem que nenhum destes dois dirigentes tivesse reagido à tomada de posição. À agência Lusa, a direcção da bancada justificou a demissão com "motivos de carácter pessoal".
A saída de Pedro Nuno Santos da direcção da bancada poderá não ser a única. O sentimento de frustração em relação a Seguro não será exclusivo do deputado. Mais do que um parlamentar socialista reconhecia ontem não saber "se a coisa fica por aqui". A reunião desta noite, em que o grupo parlamentar estará pela primeira vez em muitos meses com Seguro, poderá ser decisiva para definir posições. "Se houver um clima de unidade, o problema pode ultrapassar-se; se houver afrontamentos e antagonismos, isso vai ter consequências", admitiu um deputado do principal partido da oposição.
Contudo, existe quem mantenha a esperança de que a reunião resulte numa reaproximação com a direcção do partido. Mas a verdade é que todos reconhecem que o encontro tem potencial explosivo. Resta saber se Seguro vai "deitar álcool na fogueira", aponta um deputado.
A demissão de Santos concluiu assim um longo processo de distanciamento com Seguro, que foi apoiado pelo antigo secretário-geral da JS na corrida à liderança do partido. O gradual afastamento começou com a discussão a propósito do sentido de voto sobre o Orçamento do Estado de 2012, com Santos a defender o chumbo e Seguro a optar pela "abstenção violenta". Na passada semana, as divergências tiveram mais um episódio com a votação do código laboral.
Nuno Santos defendia o voto contra e Seguro impôs a disciplina de voto pela abstenção. A gota de água foi a defesa do voto favorável aos tratados europeus (ver texto em baixo), já expressa por Seguro.
O bater com a porta do líder do PS-Aveiro é um sinal do divórcio do secretário-geral relativamente à corrente interna mais à esquerda, que tem vindo a defender posições mais radicais em relação às propostas do Governo e que não está associada, em termos ideológicos, ao grupo de deputados mais próximos do antigo líder José Sócrates.
PS ameaça Isabel Moreira
Santos já não participou na reunião da direcção da bancada que decidiu repreender a deputada independente Isabel Moreira. Depois de esta ter votado contra a proposta do Governo sobre o código laboral, furando a disciplina de voto, a direcção do grupo parlamentar "mandatou o líder parlamentar para explicitar junto da deputada que a quebra da disciplina de voto constituiu um comportamento inadequado", leu ontem aos jornalistas o assessor de imprensa da bancada. No entanto, a mesma nota antecipa que Isabel Moreira poderá vir a ser punida caso reincida em contrariar a disciplina de voto: "A sua reincidência significará a quebra da relação de lealdade com o grupo parlamentar."
Esta decisão não foi unânime, com alguns vice-presidentes a manifestarem-se contra a ameaça a Isabel Moreira. Contactada pelo PÚBLICO, a deputada não quis comentar a decisão, reservando uma tomada de posição para a reunião desta noite. Ricardo Rodrigues, Inês de Medeiros e Basílio Horta manifestaram-se contra qualquer sanção. À entrada da reunião, Basílio Horta disse mesmo que "os fogos apagam-se, não se atiçam". Ao PÚBLICO houve quem reconhecesse o receio de esta ameaça poder vir "até a ser contraproducente", tornando ainda mais difícil a relação entre a direcção do partido e a sua bancada. Esta semana o PS terá mais um teste com o sentido de voto do orçamento rectificativo, em relação ao qual foi imposta a disciplina de voto para a abstenção.
*Título PG
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