sábado, 28 de abril de 2012

PR confrontado com falta de água no centro do país, problema com "barbas brancas"




André Catueira, enviado da agência Lusa

Chimoio, Moçambique, 26 abr (Lusa) - A população de Inchope, uma importante encruzilhada no centro de Moçambique, confrontou na quinta-feira o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, com o "velho problema de falta de água", situação que "aflige incessantemente" a zona.

"O grande mal que nos apoquenta é a falta de água. Já se reuniram várias autoridades para estudar o problema, mas sem solução. Há um franco crescimento da indústria hoteleira, para responder à demanda dos transeuntes, mas isso contrasta com a crise de água neste local", disse Nhandolo Tenesse, um residente local.

Falando durante um comício popular, orientado pelo PR, no âmbito da presidência aberta, iniciada na quinta-feira na província de Manica, Nhandolo Tenesse, fortemente aplaudido, sugeriu a expansão do sistema de distribuição de água à sede do distrito de Gondola, a 45 quilómetros de Inchope, ou a construção de represas num dos três rios que cortam o cruzamento (Metuchira, Pungué e Revue), a menos de 30 quilómetros.

A falta de água no Inchope, um posto administrativo com 30.000 habitantes permanentes, tem "martirizado" mulheres, crianças e jovens, disse, obrigando-os a percorrer longos quilómetros para se socorrerem de rios, poços tradicionais ou fontanários. A situação tem contribuído para o abandono escolar, devido às horas que se perdem na busca da água.

Estatísticas do governo de Manica indicam que atualmente o défice de água potável na zona rural atinge 354.974 pessoas na província, ou seja, são necessários 725 furos de água para haver uma cobertura razoável para a população.

Pelo facto de ser rara, a água, que se busca a dezenas de quilómetros de Inchope, custa mais caro do que um prato de arroz e feijão, nas barracas que proporcionam alimentação aos viajantes que cruzam o local. Um bidão de 20 litros de água custa em média 27 a 30 meticais (0,7 a 0,8 euros).

Reconhecendo a preocupação da população, o Presidente da República garantiu que o seu executivo vai trabalhar em busca de solução para acabar com a falta de água naquele posto administrativo.

"Transformámos Inchope num lugar habitável. Há avanços, mas ainda não vencemos a pobreza. Temos que acreditar, que com determinação, somos capazes de passar para trás o problema de água no Inchope, como passámos para a história a guerra e o colonialismo", disse Armando Guebuza, na sua intervenção.

O governo de Manica precisa de 6,3 milhões de euros para instalar um sistema independente de distribuição de água potável na vila de Inchope, devido à profundidade do lençol freático, que impossibilita a abertura de furos de água, e ultrapassar um problema que já tem "barbas brancas".

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