quarta-feira, 25 de abril de 2012

Taur Matan Ruak defende agenda de riqueza, segurança e força do Estado



RBV - Lusa

Lisboa, 25 abr (Lusa) -- O Presidente eleito de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, defende que o futuro passará pela riqueza, segurança e força do Estado, num livro sobre os dez anos da independência em que o chefe de Estado indonésio promete apoio constante.

"Povo rico, Estado forte, país seguro: acredito que é este o futuro de Timor-Leste", escreve Taur Matan Ruak, que a 16 de abril venceu as eleições presidenciais em Timor, no livro "Por Timor -- Memórias de Dez Anos de Independência", que a conselheira do presidente da Comissão Europeia, Sónia Neto, hoje lançado em Bruxelas, com a presença de Durão Barroso.

"Pela primeira vez, Timor-Leste enfrentou uma enorme debilidade estrutural: teve de aprender a viver e a construir a democracia (...) Havia que recuperar o sentido da cidadania responsável (...) fazer do diálogo uma prática natural (...) construir instituições de Estado respeitadas e respeitadoras, viver a democracia no quotidiano. São enormes desafios que temos vindo a superar ao longo dos últimos dez anos", acrescenta o presidente-eleito.

No livro, Susilo Bambang Yudhoyono, Presidente da República da Indonésia, antiga potência ocupante, promete que os líderes e o povo de Timor-Leste "poderão contar sempre com a Indonésia como parceiro e família", para além de elogiar o caminho dos timorenses desde que viram reconhecida a independência, a 20 de maio de 2002.

"A Indonésia congratula-se por fazer parte do progresso de Timor-Leste. Esperamos -- e trabalharemos para o assegurar -- que Timor-Leste mantenha esta dinâmica positiva (...) Timor-Leste tem tido a sorte de contar com líderes exemplares -- Xanana Gusmão, José Ramos-Horta, Mari Alkatiri e muitos outros", afirma o Presidente indonésio.

"Congratulo-me com o facto de os líderes nacionais indonésios, entre os quais eu próprio, terem desenvolvido relações oficiais e pessoais particularmente boas com os líderes políticos de Timor-Leste. Trata-se de algo que carece do contributo de todos, em conjunto, para que se possa manter nas próximas gerações", diz ainda Susilo Bambang Yudhoyono.

A obra editada por Sónia Neto, que foi chefe de gabinete de José Ramos-Horta, o Presidente timorense cessante, quando foi ministro dos Negócios Estrangeiros, conta com testemunhos do ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, do antigo presidente americano Bill Clinton, de Ramos-Horta e do primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão, bem como do Presidente português, Cavaco Silva, do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, dos antigos presidentes de Portugal e de Moçambique, Jorge Sampaio e Joaquim Chissano e dos antigos primeiros-ministros de Portugal e da Austrália, António Guterres e John Howard.

Entre os testemunhos, Mari Alkatiri, antigo primeiro-ministro timorense e líder da Fretilin, que se prepara para legislativas em julho, deixa alertas para o futuro.

"Não obstante algumas lições aprendidas, a situação de 'deficit' no entendimento da democracia ainda é uma realidade. Talvez se possa afirmar que somos ainda uma sociedade proto-democrática com vontade férrea de construir a democracia e o Estado de direito. Tudo vai depender dos principais atores", diz Alkatiri.

Outros nomes que contribuem para o livro são também Zacarias da Costa, ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Ximenes Belo, ex-bispo de Díli e prémio Nobel da Paz em 1996, Mário Carrascalão, deputado e antigo administrador de Timor-Leste no período indonésio, bem como os antigos ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal (Luís Amado e Jaime Gama) e da Austrália (Alexander Downer) e os embaixadores portugueses Ana Gomes, Pedro Moitinho e Rui Quartin Santos, que lembram diversos passos do nascimento de um país que, como lembra Ramos-Horta, ainda está em construção.

"O sonho não morrerá. Realizou-se. Mas agora o maior sonho consiste em corrigir as injustiças da extrema pobreza e da exclusão", conclui, mo livro, o ainda Presidente da República.

Timor-Leste assinala a 20 de maio o décimo aniversário da restauração da independência, após uma consulta popular realizada em 1999 ter libertado a antiga colónia portuguesa de quase 25 anos de ocupação indonésia.

1 comentário:

Anónimo disse...

"O sonho não morrerá. Realizou-se. Mas agora o maior sonho consiste em corrigir as injustiças da extrema pobreza e da exclusão"

Pois é Sr. Presidente, pois é!! Esqueça o show off e ajude mais o povo que sofre lá nas montanhas que Vossa Exa. tão bem conhece.

Beijinhos da Querida Lucrécia

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