terça-feira, 3 de abril de 2012

Troika diz que subsídios de férias e de Natal podem acabar



Daniel do Rosário - Expresso

Responsável europeu explica aumento do desemprego com iniciativa dos próprios trabalhadores: "É como comprar cigarros antes do aumento dos impostos sobre o tabaco".

A troika não exclui que o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos portugueses possa vir a ter carácter permanente.

"Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais a duração (dessa medida) é de dois anos, teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não", afirmou hoje em Bruxelas Peter Weiss, o chefe adjunto da missão da troika, depois da apresentação do relatório da terceira revisão da implementação do programa de ajustamento negociado por Portugal com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Weiss, que é igualmente chefe de unida da direcção-geral dos assuntos económicos e financeiros da Comissão Europeia acrescentou que o assunto "não foi discutido" durante a missão, que decorreu em Lisboa na segunda metade de Fevereiro.

O relatório desta missão destaca que o desempenho de Portugal na implementação do programa está a ser "assinalável", mas aponta o aumento do desemprego e o seu impacto orçamental como um dos principais "riscos".

"Em vez de me despedir em Abril, despeça-me em Março"

No decorrer da conferência de imprensa, Weiss disse que a evolução da taxa de desemprego nos primeiros meses do ano deixou a equipa da troika "um pouco surpreendida", admitindo que "ainda será preciso compreender melhor estes dados". As previsões da troika continuam a apontar para uma taxa de desemprego de 14,4% este ano, cujo valor, no entanto, já atingiu os 15%, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Eurostat.

No final, em declarações a um grupo de jornalistas, o responsável europeu arriscou uma explicação, adiantando que os despedimentos podem ter sido antecipados a pedido dos próprios trabalhadores, para beneficiarem das regras do subsídio de desemprego, que foram modificadas a partir deste mês: "Pode até acontecer a pedido dos trabalhadores, que é claro que estão interessados em ter uma maior duração do subsídio de desemprego, que pedem 'em vez de me despedir em Abril, despeça-me em Março', pode ser isso".

E apesar de reconhecer não dispor de qualquer base científica para tal afirmação, não hesitou em avançar com um paralelismo: "Isto está sempre a acontecer, quando se aumenta os impostos sobre o tabaco, as pessoas começam a comprar cigarros, isto é um comportamento normal. Não temos quaisquer provas disso, mas avancei isso como uma das razões, porque como eu disse nós não entendemos completamente os números".

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