Sapo MZ, com foto
Lisboa recebeu na noite de sábado a celebração da lusofonia. O Mercado da Ribeira encheu-se de cor, de jovens e “cotas”, ao som da música cantada em português e com muitos sotaques.
A organização Conexão Lusófona lançou o mote e preparou um festival onde fosse celebrada a lusofonia. Do cartaz constavam nomes como Yuri da Cunha (Angola) Sara Tavares e Tito Paris (Cabo Verde), Costa Neto (Moçambique) ou Susana Félix (Portugal), entre muitos outros, não foi de admirar que a sala enchesse com uma moldura humana amante de música.
A noite em Lisboa estava abafada e previa-se que aquecesse ainda mais quando os ritmos quentes de África, América do Sul e até da Ásia começassem a soar no Mercado da Ribeira.
Eram várias as misturas visíveis, gente mais velha, jovens e crianças, portugueses, angolanos, cabo-verdianos, são-tomenses, espanhóis, etc. As diferenças acentuavam ainda mais as semelhanças e quando as primeiras músicas começaram a ser tocadas, as vozes soltaram-se num apoio constante a todos os artistas, fundindo-se numa miscelânea de vozes.
O festival convidava a dança e muitos não resistiram perante as mornas do Tito Paris ou dos ritmos quentes do Guineense Manecas Costa. O bom “feeling” que Sara Tavares canta várias vezes estava no ar e ouve mesmo quem comentasse “que há muito tempo que não via tanta gente a partilhar tanto amor”. Comentário que veio corroborar o que o músico Yuri da Cunha disse ao SAPO antes de entrar em Palco, “o que une os povos lusófonos é o amor. O amor é que transforma o calor destas pessoas no que nós vemos aqui hoje”. De facto a alegria e o amor estavam presentes.
Não faltou desejos de paz ao povo da Guiné-Bissau, assim como votos de união entre os povos que falam português, porque mesmo com sotaques diferentes, foi possível ver que existe harmonia. Para prova disso foram os vários duetos que marcaram a noite lusófona, como o de Aline Frazão com Tubias Vaiana ou ainda o de Susana Felix com o músico Manecas Costa.
Assim, a conexão ia sendo feita música após música com o público eufórico a entrar na festa.
Tito Paris viu em parte os desejos realizados, quando disse que “era importante unir os povos, juntar todas as culturas de cada povo para ser uma só cultura”.
Para Aline Frazão “o conceito de lusofonia aproxima-nos uns dos outros, a língua aproxima-nos. Dentro das nossas muitas diferenças eu acho que se vamos encontrar uma ponte, uma irmandade”.
Susana Félix afirma que “a língua é importante, mas não só, porque o que nos une foi a nossa experiência em comum. Aquilo, não só, que Portugal deixou em África ou no Brasil, mas o que Portugal recebeu e deu. Isso é lusofonia para mim".
Um dos maiores momentos da noite foi quando o músico Yuri da Cunha entrou em palco, com a sua energia habitual, levando a que o público cantasse ainda mais alto. A presença de Yuri da Cunha foi contagiante e não houve quem não dançasse com o cantor angolano. Depois de um dueto com a cantora brasileira Luanda Cozetti, foi a vez de Sara Tavares cantar com Yuri da Cunha e de fazerem as delícias dos espectadores.
A noite iria terminar depois de dois “encores” e um desejo claro que lusofonia seja mais vezes celebrada, com muita música, alegria, calor e união.
@Edson Vital e Renato Mkaima
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