domingo, 13 de maio de 2012

Governo moçambicano e do Malaui discutem navegabilidade do Rio Zambeze



PMA - Lusa

Maputo, 12 mai (Lusa) - Os Governos de Moçambique e do Malaui acordaram hoje na necessidade de realizar estudos de viabilidade ambiental sobre a navegabilidade dos rios Zambeze e Chire, um tema controverso que esfriou as relações bilaterais nos últimos anos.

As relações entre Moçambique e Malaui viveram momentos de tensão, quando o Presidente malauiano Bingu wa Mutharika, falecido em abril, ordenou em 2010 que um navio carregando fertilizantes para o Malaui usasse os rios Zambeze e Chire, no centro de Moçambique, como forma de mostrar a navegabilidade de grande calado dos dois cursos e a inutilidade dos estudos ambientais.

Maputo aprisionou o barco e a tripulação, que incluía o adido militar da embaixada do Malaui em Maputo, manchando a cerimónia de inauguração do Porto de Sange, no Malaui, presidida por Bingu wa Mutharika na presença de vários dignitários da África Austral, mas boicotada pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza.

Hoje, em conferência de imprensa que se seguiu às conversações entre os dois governos, liderados por Armando Guebuza e pela nova Presidente do Malaui, Joyce Banda, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países afirmaram que a utilização dos rios Chire e Zambeze está condicionada aos resultados dos estudos ambientais.

"Acordámos que será necessário realizar estudos de viabilidade ambiental para saber se é possível utilizar os rios Chire e Zambeze. Esse conhecimento é crucial para o Malaui, uma vez que a sua economia depende muito dos acessos disponíveis em Moçambique", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Malaui, Ephraim Chiume.

Admitindo que a navegabilidade de grande calado dos dois rios, que iria reduzir os custos do comércio internacional do Malaui, provocou "mal entendidos entre os dois países no passado", Ephraim Chiume enfatizou que a avaliação do impacto ambiental será feita conjuntamente entre Moçambique e Malaui.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Baloi disse que a aceitação pelos dois países do imperativo da realização dos estudos ambientais é sinal da vontade de abrir um novo capítulo nas relações bilaterais.

"Só os estudos é que nos darão uma ideia sobre os benefícios mútuos da utilização dos rios e dos danos que podem advir dessa ação", acrescentou Oldemiro Baloi.

No âmbito da visita da chefe de Estado do Malaui a Moçambique, insistentemente descrita na conferência de imprensa conjunta como abertura de um "novo capítulo nas relações bilaterais", os dois governos assinaram hoje acordos de cooperação nas área da energia e das consultas diplomáticas.

Ainda no quadro da sua deslocação a Moçambique, Joyce Banda terá hoje um banquete de Estado oferecido pelo chefe de Estado moçambicano e visitará domingo o Porto da Beira, centro de Moçambique, por onde transitam as importações e exportações malauianas, regressando ao seu país na segunda-feira.

Sem comentários:

Mais lidas da semana