SSS - Lusa
Lisboa, 26 mai (Lusa) - A Associação Nacional de Sargentos acusou hoje o Governo de "não demonstrar respeito por quem serve a República" e agendou concentrações de "desagrado" para todo o país, a 05 de junho.
"É muito pouco sério, para um Governo que gosta de se passear com a bandeira da República na lapela, não demonstrar respeito por quem serve a República", disse à Lusa Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS).
Lima Coelho, depois do VI Encontro Nacional de Sargentos, que terá reunido 400 militares, hoje, em Lisboa, disse à Lusa que uma destas concentrações simbólicas, de "desagrado e preocupação", acontecerá junto à residência oficial do primeiro-ministro.
"Hoje, foi aprovado um caderno de aspirações, documento que pretendemos entregar ao primeiro-ministro. No dia 05 de junho, irão decorrer concentrações por todo o país, com a intenção de demonstrar a preocupação e o desagrado como estão a ser tratados os cidadãos, em geral e os militares, em particular. Aproveitaremos a ocasião para entregar o documento ao primeiro-ministro", explicou.
Neste documento, com oito pontos, que analisa matérias como a formação, o estatuto dos militares, o sistema remuneratório ou o direito ao associativismo, Lima Coelho realçou a preocupação dos militares com a redução das componentes de pensão de reforma e ainda a norma que reduz o subsídio por morte.
"Assistimos, também, a uma norma vergonhosamente introduzida no Orçamento do Estado que reduz, sem qualquer tipo de reconhecimento por aqueles a quem se exige a vida no exercício de missão, o suplemento por morte. O cônjuge passa a receber, não seis vezes o vencimento base, mas sim seis vezes o IAS (Indexantes de Apoios Sociais), que são 419,22. Na maioria dos casos não chega para custear a despesa do funeral", alertou Lima Coelho.
O dirigente pediu ao Governo para "cumprir aquilo a que se propôs e respeitar os preceitos da Constituição" e exigiu "efetividade" no reconhecimento pela condição militar.
Lima Coelho abordou ainda a situação social destes profissionais e alertou para os "cortes" que põem em causa, "não apenas a própria condição militar", mas também a "sobrevivência de alguns camaradas e das suas famílias".
"Infelizmente, os militares estão como a maioria dos portugueses. Temos níveis salariais que não são iguais aos salários de quem toma estas decisões. E há aqui uma matéria para refletir. Um militar tem um compromisso jurado de cumprimento da lei. E é traumático e dramático para um militar, na sua capacidade de trabalho, quando não consegue cumprir, na sequência destes cortes, os compromissos e obrigações, de vária ordem, a que está obrigado".
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