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Em discurso no Bundestag, chanceler federal alemã afirma que medidas devem se manter atreladas à política de redução das dívidas. Merkel quer ainda redução de barreiras comerciais entre países industrializados.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu em discurso na câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag) nesta quinta-feira (10/05) que a política de redução das dívidas, do reforço do crescimento e do emprego deve se manter atrelada às duras medidas de austeridade adotadas na Europa – apesar das dificuldades enfrentadas, como na Grécia e na Espanha.
Merkel reforçou que estes devem ser os pilares da estratégia para superar a crise na Europa. As declarações antecipam o discurso do governo alemão para a cúpula dos oito principais países industrializados do mundo (G8), e da Otan na próxima semana nos Estados Unidos. O G8 é formado por Estados Unidos, Alemanha, Rússia, Japão, Canadá, França, Itália e Reino Unido.
Durante o encontro, Merkel defenderá também uma maior redução das barreiras comerciais entre os países. Aos parlamentares, ela afirmou que um comércio mais livre e um mercado global mais aberto são importantes fatores para um crescimento sustentável.
A chefe da maior economia da Europa deverá destacar nos Estados Unidos que a maior liberdade comercial também será um importante aliado na luta pela redução da dívida e no incentivo à competitividade, não apenas no continente europeu, mas em praticamente todos os países industrializados do mundo.
Sem "crescimento a crédito"
Merkel rejeitou a necessidade de novas dívidas para estimular as economias e descartou um "crescimento a crédito", pois, segundo ela, este poderia levar a Europa exatamente ao ponto em que estava no início da crise. "Por isso não vamos fazer isso", disse, advertindo que a crise da dívida não será solucionada "do dia para a noite".
Merkel também voltou a recusar a emissão de títulos conjuntos da dívida pública na zona euro, os chamados eurobonds, como parte da solução da crise.
O discurso reforça a posição da Alemanha diante das reivindicações do presidente eleito francês, François Hollande, de reabrir as discussões na União Europeia sobre os duros pacotes de austeridade exigidos pelo bloco. A posição de Hollande encontra resistência na UE. Na próxima terça, ele deve se encontrar com Merkel para discutir o assunto. O futuro presidente da França também participará dos encontros nos EUA.
Tropas no Afeganistão
Segundo Merkel, os problemas cruciais a serem resolvidos pela comunidade internacional são o combate às alterações climáticas, a eficiência energética e a luta contra a fome no mundo.
Com relação à cúpula da Otan, uma das principais questões será uma eventual retirada antecipada das tropas aliadas do Afeganistão. Também neste ponto, a chanceler federal alemã e Hollande divergem.
Merkel defende a manutenção da estratégia já acertada, que prevê a permanência dos soldados em solo afegão até o fim de 2014 – "entramos juntos, sairemos juntos", disse.
Durante a campanha presidencial, porém, o socialista francês prometeu a retirada até o fim deste ano. A França tem o quinto maior contingente militar no país. Existe o temor de que o desvio da França dos planos estabelecidos pela Otan possa estimular outros países a também antecipar a saída de suas tropas.
Parceria Otan e Rússia
Ainda em seu discurso no Parlamento, Merkel reforçou a expectativa sobre uma possível cooperação com a Rússia para a implantação de escudo antimíssil na Europa. A chanceler federal lembrou que a Otan já havia feito a proposta de um trabalho em conjunto aos russos durante um encontro em 2010, o que poderia escrever um novo capítulo nas relações entre a aliança militar ocidental e Moscou. Esta seria a primeira vez que a Rússia e a Otan tomariam em conjunto medidas de defesa militar.
O presidente russo, Vladmir Putin, porém, já recusou há algumas semanas o convite para participar do encontro da Otan. Ele também informou ao presidente norte-americano, Barack Obama, que não estará presente na reunião do G8 – onde será representado pelo primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev.
Com o escudo antimíssil, a Otan pretende proteger a Europa de eventuais ataques de mísseis de curto e médio alcance. Durante o encontro em Chicago, os líderes querem dar sinal verde aos primeiros passos para implantar o sistema, que deve ficará pronto até 2020.
MSB/dpa/rtr/afp/dapd/lusa - Revisão: Roselaine Wandscheer
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