terça-feira, 15 de maio de 2012

O BILDERBERG E A UNIÃO EUROPEIA



Martinho Júnior, Luanda

Quando de 31 de Maio a 3 de Junho, no “Westfields Marriott Washington Dulles Hotel” em Chantilly, Estado da Virgínia, se reunir pela 60ª vez o Clube Bilderberg, de entre os vários assuntos de sua agenda estarão presentes os contenciosos financeiros dos dois lados do norte do Atlântico, tal como todos os assuntos decorrentes deles, NATO incluída.

1 ) Com o império anglo-saxónico em crise, o Bilderberg, no âmbito do exercício de capitalismo neo liberal globalizado, tem vindo a preparar, desde pelo menos 2009, opções de forma a estimular essencialmente duas condutas geo estratégicas disponíveis na União Europeia, distinguindo-se assim de outras organizações elitistas, mas beneficiando da osmose entre elas (não é por acaso, por exemplo, que o clã Rockefeller tem pé em várias delas, tal como o “super estratega” Henry Kissinger).

2 ) As duas condutas geo estratégicas do Bilderberg na União Europeia estão agora mais expostas, na tensão recentemente inaugurada entre a Alemanha, sob a égide de Ângela Merkel, ela própria uma figura “transpirando austeridade” (e políticas de crédito que beneficiam sobretudo a Alemanha) e a França com François Hollande aberta à (aparente sofisticação do “crescimento e do emprego”).

3 ) A conduta da “austeridade” indicia estar a entrar na fase de esgotamento, havendo bastos sinais disso, por exemplo:

- As derrotas sucessivas do CDU, Partido de Ângela Merkel na Alemanha, apesar da garantia da enorme concentração dos lucros (“Social democratas e verdes atingem maioria para governar estado mais populoso da Alemanha” – http://www.dw.de/dw/article/0,,15947591_page_0,00.html);

- A derrapagem cada vez mais evidente do governo Conservador de Cameron no Reino Unido (“Despite an election defeat, Cameron inflexible austerity” – http://news-12.com/uk-despite-an-election-defeat-cameron-inflexible-austerity/);

- O eclipse “errático” de Sarkozy, em França, acabando por recorrer aos argumentos do clã Le Pen (“Sarkozy pode se tornar 1º presidente da França a não se reeleger em 30 anos” – http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120506_franca_dominhomanha_df_is.shtml);

- A “tragédia grega”, à beira do “apocalipse”, que tende a contaminar muitos outros da periferia europeia, particularmente a mediterrânea (“Riscos na Grécia e em Espanha castigam bolsas europeias” – http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=556553&pn=1);

- A corajosa Islândia, forçosamente arredia das “ementas típicas” da globalização neo liberal e um “exemplo para esquecer”, efectivamente um fenómeno “apagado” da “imprensa reitora” dos interesses e conveniências com expressão no Bilderberg (“Na Islândia o povo é soberano” – http://marecinza.blogspot.com/2012/04/na-islandia-o-povo-e-soberano.html).

A Islândia só merecerá divulgação nos seus fenómenos telúricos do seu ambiente único: a luta entre o fogo e o gelo, o fogo dos seus vulcões e o gelo dos seus glaciares.

4 ) O “crescimento e o emprego” não serão mais possíveis com os recursos circunscritos do Dólar e do Euro: há que ir buscar recursos fora dos espaços norte americano e europeu, sujeitando-se cada vez mais as economias a regimes de interdependências, conformes às geo estratégias dos BRICS (“Fourth BRICS Summit – Delhi Declaration – http://www.bricsindia.in/delhi-declaration.html).
Nesse a
specto o Bilderberg sente que a preferível instrumentalização da direita social democrata e direita mais radical está a chegar a um ponto de rotura, pelo que recorre à esquerda social democrata de forma a, tirando o pé, devagar, da hegemonia unipolar, começar a pôr o pé na via da interdependência multipolar.

5 ) O Bilderberg, por via do Reino Unido, joga desse modo com a China (já começou a haver presença chinesa no Bilderberg), através de várias vias que integram a plataforma financeira disponível em Hong Kong, num esforço associado a outros europeus e como é óbvio, norte americanos.

Neste caso são os Trabalhistas que estão mais “adaptados” que os Conservadores e serão eles que vão emergir sobre as ruínas de Cameron.

6 ) Em França, Sarkozy, nos termos da concentração dos lobbies nas mãos de quem detém o capital nos sectores da banca, da indústria energética e do armamento, bem como na imprensa “domesticada” (apta à lavagem cerebral), teve o seu fim e dá oportunidade às interdependências multipolares; resta avaliar quanto os emergentes contribuirão para o reforço das políticas de “crescimento e emprego”, isto é, com o retorno de parte dos capitais reciclados, às suas áreas de origem.

7 ) Em Portugal, um país importante para as “experiências” ao abrigo do Bilderberg, a geo estratégia de tensões controladas está a levar à insolúvel “armadilha da troika” deixada por Sócrates; desenha-se o beco sem saída, até por que as possibilidades para as interdependências multipolares foge ao controlo do tandem CDS-PSD.

Em breve Sócrates pode ter a oportunidade para o ressurgimento, pela via de José Seguro e com o presumível apoio de François Hollande e, nessa altura, a presença da China e da Rússia, como do Brasil, poderão fazer-se sentir de forma mais assumida.

É o PS que detém as ligações históricas da “via Macau” e esse “expediente” não é desprezível para as políticas que Sócrates, ele próprio ou no quadro das possibilidades de Seguro, poderão incrementar, tirando partido de outras emergências com capacidades “público-privadas”.

8 ) Quando Ângela Merkel soçobrar, deixará o panorama político europeu mais “desanuviado” pois o espaço será ocupado por alguém mais solidário com François Hollande, numa conduta que manifestando-se aberta ao “crescimento e ao emprego”, sê-lo-á também em relação aos emergentes e à sua opção de interdependência multipolar.

Está-se em pleno processo de transição entre as duas condutas-ciclo.

9 ) As previsões Bilderberg para a União Europeia estão directamente correlacionadas com as tendências que vão ocorrendo em várias regiões e componentes:

- Na imensa região Trans Pacífico;

- Na enorme massa continental Euro Asiática (onde as tensões têm derivado para conflitos e guerras sobretudo no Médio Oriente);

- Em cada um dos BRICS;

- Em regiões de instabilidade crónica, como o norte de África, o Sahara /Sahel, o Leste e o Oeste Africano.

Por isso a “revisão” do papel da NATO é uma das prioridades.

10 ) A via da conduta aberta às interdependências e multipolarismo na União Europeia, nem por isso deixará de fortalecer os interesses e conveniências que se espelham no Bilderberg; mesmo que muitos instrumentos possam mudar de mão… conforme Maquiavel: “os fins justificam os meios”.

Está a chegar o tempo do Bilderberg alargar o pacto Atlântico eminentemente anglo-saxão: há razões históricas que sobrevêm do império colonial britânico que a aristocracia financeira mundial não pode actualmente desdenhar!

Consultas:
- Bilderberg 2011: The Rockefeller World Order and the "High Priests of Globalization" – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25302
- The Bilderberg Group and the project of European unification – http://www.bilderberg.org/bildhist.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

Krugman vaticina fin de la zona euro


Si Alemania no acepta las exigencias de los países del sur europeo, podría ser el fin de la zona euro, así piensa el premio Nobel de economía, Paul Krugman.
En su columna semanal en The New York Times, el prestigioso académico prevé una “inminente salida” de Grecia de la eurozona, “posiblemente en junio”, la consiguiente restricción de los depósitos bancarios en España y en Italia, es decir, el temido ‘corralito’, y, por último, el fin del euro.
En el pequeño artículo titulado “El ocaso del euro” agrega que solo Alemania es capaz de impedir esa cadena de hechos y consecuencias.

http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/05/14/krugman-vaticina-fin-de-la-zona-euro/

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