FV(PNE/AC) - Lusa
Pequim, 28 mai (Lusa) - O pai de um jovem morto nos protestos da Praça de Tiananmen enforcou-se em protesto pela falta de reconhecimento e apuramento de responsabilidades do Governo, duas décadas depois dos incidentes sangrentos de 1989, informou hoje um grupo de apoio.
O grupo, conhecido por "Mães de Tiananmen", disse que o corpo de Ya Weilin, de 73 anos, foi encontrado numa garagem do seu complexo residencial em Pequim.
O indivíduo terá cometido suicídio na sexta-feira.
Segundo o obituário colocado 'online' pelo grupo, e de acordo com a família de Ya Weilin, o homem foi encontrado com uma nota que detalhava a morte do filho e em que declarava que morria em protesto por o assunto continuar sem resolução há mais de 20 anos.
O filho de Ya Weilin, Ya Aiguo, foi morto quando tinha 22 anos. Um testemunho da mãe de Ya Aiguo, colocado 'online', refere que o jovem aguardava uma resposta de emprego e que tinha saído com a namorada na noite em que foi morto.
A morte do homem de 73 anos acontece uma semana antes de se assinalar mais um aniversário dos acontecimentos sangrentos de Tiananmen.
No dia 04 de junho de 1989 - após mais de um mês de protestos e do afastamento do sucessor de Hu Yaobang, Zhao Ziyang, considerado também um reformista - a liderança do PCC chamou o exército para "repor a ordem" e centenas de pessoas morreram e milhares de outras foram presas ou exilaram-se.
Pequim tem mantido o silêncio sobre os incidentes, omitindo qualquer referência nos manuais escolares e mantendo o tabu quanto ao debate público sobre o incidente.
Ao longo dos anos, o grupo "Mães de Tiananmen", que envia regularmente cartas para os líderes do país, tem pedido uma investigação completa dos acontecimentos, compensações para as famílias das vítimas e punições para os responsáveis pela repressão dos militares sobre os protestos estudantis.
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