sábado, 12 de maio de 2012

PAIGC ACUSA CEDEAO DE PRETENDER DESESTABILIZAR O PAÍS



MB - Lusa

Bissau, 11 mai (Lusa) - O PAIGC, partido no poder até ao golpe de Estado de 12 de abril, acusou hoje a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de pretender desestabilizar a Guiné-Bissau com as suas medidas para saída da crise.

Em comunicado, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) diz ter sido surpreendido com "a nomeação, em nome da CEDEAO, de um Presidente da Republica da Guiné-Bissau".

Para o PAIGC, esta atitude da organização sub-regional africana constitui uma usurpação do poder que é reservado ao povo em democracia e representa a arrogância dos ministros da Nigéria e da Costa do Marfim que estiveram em Bissau em nome da CEDEAO.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria e o da Defesa da Costa do Marfim, mandatados pelos respetivos chefes de Estado, indicaram na quinta-feira Serifo Nhamadjo, presidente interino do Parlamento guineense, para ocupar o cargo de Presidente de transição da Guiné-Bissau durante 12 meses.

"É uma afronta aos esforços da comunidade internacional, nomeadamente ONU, União Europeia, União Africana e CPLP [Comunidade dos País de Língua Portuguesa], na busca de uma solução pacífica e constitucional para a crise que um grupo de militares, aliados a civis, provocou a 12 de abril, através de um golpe de Estado", acusa o PAIGC.

Na opinião do partido que estava no governo até ao golpe de Estado, a atitude da CEDEAO contraria "os princípios fundamentais da própria organização: Tolerância Zero ao golpe de Estado".

"O PAIGC não reconhece nesta CEDEAO o tradicional parceiro da Guiné-Bissau na sua luta para o desenvolvimento socioeconómico e, com a sua atitude de quinta-feira, transforma-se numa organização refém de 'lobbies', com finalidade de desestabilizar o nosso país", acusa o partido liderado por Carlos Gomes Júnior.

Sobre Gomes Júnior, que era primeiro-ministro até ao golpe de Estado e encontra-se em Abidjan, na Costa do Marfim, tal como o até então Presidente interino, Raimundo Pereira, o partido pede explicações sobre o verdadeiro significado de "libertação incondicional", já que a CEDEAO diz agora ter convencido as Nações Unidas para que ambos não regressem à Guiné-Bissau.

A mesma posição de condenação e indignação foi manifestada em comunicado pela Frenagolpe (coligação de partidos e associações que contestam o golpe de Estado), segundo a qual a CEDEAO "tentou humilhar o valoroso povo da Guiné-Bissau" ao nomear Serifo Nhamadjo para Presidente da República.

"Para a Frenagolpe, esta atitude da CEDEAO não passa de um delírio dessa organização, que visa bloquear os esforços de toda a comunidade internacional, empenhada na resolução da crise político-militar que paralisa o país há 30 dias", lê-se no comunicado a que a agência Lusa teve acesso.

Tanto o PAIGC como a Frenagolpe querem que as Nações Unidas assumam a condução da busca de uma solução para a crise guineense.

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