domingo, 20 de maio de 2012

Portugal: BE ESTRANHA SILÊNCIO DE PASSOS SOBRE PRESSÕES AO PÚBLICO



Diário de Notícias - Lusa

O BE exigiu hoje que o primeiro-ministro tome uma posição sobre o caso das alegadas pressões do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares a uma jornalista do Público, considerando estranho o silêncio de Passos Coelho até ao momento.

"Estranhamos muito que, até esta hora, o senhor primeiro-ministro não tenha dito ainda nada sobre este assunto; o senhor primeiro-ministro precisa de tomar uma posição rapidamente, precisa de dizer rapidamente o que pensa sobre a interferência do Governo na comunicação social, a liberdade de imprensa é um pilar da democracia", afirmou a deputada do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins.

Catarina Martins, que falava aos jornalistas no final da conferência do BE "Portugal na Encruzilhada da Europa", que se realizou na Faculdade de Ciências de Lisboa, classificou ainda o caso como "gravíssimo" e "inaceitável".

"Pensar que um ministro pode ameaçar um jornal, se publicar uma notícia sobre o Governo e, mais do que isso, que pode ameaçar até sobre a vida privada de um jornalista, é completamente inaceitável", afirmou.

Em declarações à Lusa ao início da tarde, a deputada do BE já tinha exigido a clarificação do caso, sublinhando que não pode existir "opacidade" em relação à liberdade de imprensa.

"Toda esta situação tem de ser clarificada - está em causa a liberdade de imprensa e está, portanto, em causa a democracia", reiterou à tarde.

O Conselho de Redação do Público denunciou, na sexta-feira, em comunicado, que Miguel Relvas ameaçou queixar-se ao regulador do setor, promover um "blackout" de todos os ministros ao jornal e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma determinada notícia.

A notícia, da autoria de Maria José Oliveira e que acabou por não ser publicada, pretendia evidenciar "as incongruências" das declarações do ministro, na terça-feira, no Parlamento, sobre o caso das secretas.

Numa nota posterior, a direção do jornal justificou-se alegando que "não havia matéria publicável", tendo a decisão sido tomada antes de conhecer as ameaças.

Mais tarde, o Público noticiou que o ministro Miguel Relvas pediu, nesse dia, desculpa ao jornal, depois de a direção ter protestado contra "uma pressão" do governante sobre uma jornalista que acompanha o caso das secretas.

O pedido de desculpas, noticiado pelo jornal, ocorreu no mesmo dia em que o gabinete de Miguel Relvas refutou a denúncia do Conselho de Redação do Público sobre ameaças do titular da pasta da comunicação social ao jornal a uma jornalista, por causa de uma notícia relacionada com o caso das secretas, e que acabou por não ser publicada.

Já esta tarde, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social disse que o ministro Miguel Relvas enviou para aquele organismo "uma série de documentos" relacionados com as alegadas pressões a uma jornalista do Público.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social adiantou ainda que vai averiguar o caso na próxima semana.

Relacionado em Diário de Notícias

Sem comentários:

Mais lidas da semana