sexta-feira, 15 de junho de 2012

Líder da esquerda grega promete: “Bruxelas, vamos aí na segunda-feira”




Milhares enchem praça de Atenas para ouvir Tsipras

Maria João Guimarães, em Atenas – Público - ontem

O líder do partido Syriza (Coligação de Esquerda Radical), Alexis Tsipras, falou aos atenienses no último comício antes das eleições decisivas de 17 de Junho, em que espera sair vencedor. “Bruxelas, vamos aí na segunda-feira negociar os direitos das pessoas”, disse, recebendo largos aplausos.

Houve muitas semelhanças entre o comício desta quinta-feira e o comício antes da votação inconclusiva de 6 de Maio, em que o Syriza ficou em segundo lugar. A praça é a mesma: Omonia, antes uma das mais emblemáticas praças de Atenas, hoje um antro de traficantes e consumidores de drogas. As promessas são as mesmas: rasgar o mnemonium, o memorando com a troika. As músicas são as mesmas: “Bella Ciao”, o hino da resistência anti-fascista de Itália, “People Have the Power”, Patty Smith.

Mas há uma alusão a Espanha: “Eles mostraram que é possível negociar sem condições tão duras”. E há mais, muito mais, pessoas a assistir. E há uma atmosfera diferente. A esquerda acredita mesmo que pode vencer as eleições, apesar de rumores de uma sondagem secreta que daria o partido Nova Democracia com uma ligeira vantagem (nas últimas sondagens oficiais, publicadas antes de um embargo de duas semanas, apareciam taco-a-taco, um à frente num instituto, outro à frente noutro).

Da União Europeia têm vindo repetidos avisos de que o memorando é para cumprir. Diz Bruxelas que quer a Grécia no euro… desde que cumpra o memorando. Tsipras diz que vai conseguir negociar, porque uma saída da Grécia do euro prejudicaria todos os países da moeda única. Muitos gregos parecem ter acreditado nele – ou então já não querem saber.

“Não tenho medo. A Europa é isto? Todos os dias há pessoas a matar-se porque não conseguem viver assim, os nossos jovens estão a abandonar o país, há cada vez mais gregos sem casa… Se isto é o que é preciso para estar no euro, não precisamos de estar. Quando as pessoas não têm nada a perder não têm medo”, diz Stella, uma marinheira de 50 anos, de cigarro na mão, que veio ver o comício com amigos. “Vamos mudar esta política europeia. Vamos mudar todos: gregos, portugueses, espanhóis.”

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