sexta-feira, 22 de junho de 2012

Timor/Eleições: ZACARIAS DA COSTA, UM POLÍTICO À ESPERA DA NOVA GERAÇÃO



PSP (MSE) - Lusa

Lisboa, 20 jun (Lusa) - Zacarias da Costa, o "jovem" presidente do PSD e chefe da diplomacia timorense estudou em Portugal, militou na UDT e ajudou a afastar a Fretilin do poder em 2007.

"Nós estamos prontos", afirmou Zacarias da Costa há cinco anos, após as eleições legislativas que afastavam a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) do poder.

Na mesma altura, o líder do Partido Social-Democrata (PSD) explicava que as diferenças entre a "oposição" e a FRETILIN deviam ser vincadas para que mais tarde o povo pudesse fazer opções.

"Se escolhêssemos ficar todos no Governo, o povo não saberia fazer a diferença em 2012", dizia Zacarias da Costa à Lusa em julho de 2007, quando acabava de ser formada a Aliança Maioria Parlamentar (AMP) que se opôs à formação de um governo com a Fretilin, que venceu as eleições sem maioria, por defender a "alternância de poder".

A AMP foi apresentada após as eleições de 30 de Junho de 2007 por Zacarias da Costa pelo PSD, por Duarte Nunes, vice-secretário-geral do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Gil Alves, secretário-geral da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), e Adriano do Nascimento, primeiro-vice-presidente do Partido Democrático (PD).

Nesse mesmo ano, Zacarias da Costa assumia a pasta dos Negócios Estrangeiros do IV Governo Constitucional da República Democrática de Timor-Leste, cargo que mantém até hoje e que fica também marcado pelo acompanhamento da questão petrolífera e a demarcação das fronteiras com a Indonésia e a um episódio judicial que considerou de "manobras políticas".

Zacarias da Costa viu o Tribunal de Díli rejeitar a acusação do Ministério Público contra si, no caso dos alegados pagamentos à mulher do vice primeiro-ministro, José Luís Guterres.

"Quem me quis atingir e atingir o PSD falhou o alvo", dizia o ministro dos Negócios Estrangeiros em novembro de 2010, na sequência da autorização dada para os pagamentos a Ana de Jesus Valério, nomeada pela sua antecessora como conselheira na Missão Permanente de Timor-Leste junto das Nações Unidas, alegadamente de forma irregular, por ser estrangeira.

Os contactos com a comunidade internacional não eram estranhos ao timorense de Remexio, localidade situada nas montanhas de Aileu, no interior de Timor-Leste, formado em Humanísticas pela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica em Braga, Portugal, onde foi presidente da Associação Académica, no final dos anos 1980.

Militante da União Democrática Timorense (UDT), Zacarias da Costa participa na reestruturação do partido, com João Carrascalão, no Congresso Extraordinário em Lisboa, em 1993, tendo chegado a representante pelas Relações Internacionais e depois a vice-presidente.

Na UDT, e apesar de pertencer a uma geração mais jovem de políticos timorenses, Zacarias da Costa ajudou a lançar pontes entre os exilados dos vários quadrantes políticos após o Massacre de Santa Cruz, em 1991, e que expôs, a nível global, a questão dos direitos humanos e o desejo de autodeterminação e independência de Timor-Leste.

Nos anos 1990, desdobrava-se em deslocações à Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, aos Comités de Descolonização em Genebra e acabou por assumir uma posição de representante da Resistência Timorense junto da União Europeia, em Bruxelas.

Aos 48 anos de idade, Zacarias da Costa, um dos mais jovens políticos timorenses afirma que em Timor-Leste há atraso na passagem de testemunho, um processo que deve ser conduzido pela geração mais velha.

"Parece-me que estamos um pouco atrasados nessa passagem de testemunho e mais uma vez deixo o meu apelo para que a velha geração possa finalmente olhar para uma passagem de testemunho pacífica e, sobretudo, apostar na preparação de uma geração mais nova para conduzir os destinos deste país", dizia Zacarias da Costa no dia 20 de maio em Díli quando se celebravam os 10 anos sobre a Restauração da Independência de Timor-Leste.

Já em plena campanha eleitoral para as legislativas de 07 de julho o líder do PSD diz à Lusa que o partido tem defendido três pontos essenciais, que passam pelo desenvolvimento integrado e equitativo, o desenvolvimento das infraestruturas e o combate à corrupção.

Segundo o presidente do PSD, em Díli, nos últimos anos, "criou-se um grupo pequeno que está a beneficiar das riquezas do país enquanto o povo continua numa situação muito difícil".

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