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Nova Iorque, 20 jul (Lusa) - O narcotráfico está a aumentar na Guiné-Bissau desde o golpe de Estado de abril, e a situação humanitária degradou-se, exigindo resposta mais firme e concertada da comunidade internacional, alertou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
O alerta consta do último relatório de Ban Ki-moon sobre as atividades da ONU na Guiné-Bissau, a que a Lusa teve acesso, enviado nos últimos dias aos membros do Conselho de Segurança, que irão reunir-se para consultas sobre o país na próxima quinta-feira.
Desde o golpe de Estado de 12 de abril, "há registo de aumento das atividades de tráfico de droga" no país, escreve o secretário-geral da ONU.
O mesmo alerta foi feito recentemente ao Conselho de Segurança pelo representante do secretário-geral da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit, que disse que as redes de narcotráfico estão mais ativas e influentes nos últimos meses.
Na mesma ocasião, o diretor da agência da ONU anti-narcotráfico e criminalidade organizada (UNODC), Yuri Fedotov, afirmou que a situação na Guiné-Bissau "continua a ser séria preocupação" e que "há medos em relação às ligações entre elementos das forças militares e narcotráfico".
Ban Ki-moon diz no relatório que a situação de fragilidade política na Guiné-Bissau reduziu "significativamente" a capacidade de policiamento, criando "uma oportunidade de intensificar o crime internacional organizado e o tráfico de droga".
Apela à comunidade internacional para se envolver mais no combate ao fenómeno "através de apoio financeiro, infraestrutural, logístico e operacional", mantendo-se "empenhada em lidar com esta ameaça não só na Guiné-Bissau, mas também nos países de origem, trânsito e destino de drogas".
Sobre a situação humanitária na Guiné-Bissau, o secretário-geral fala numa degradação desde o golpe de Estado, considerando "crítico que a comunidade responda de maneira apropriada para lidar com as necessidades urgentes da população guineense".
O gabinete da ONU em Bissau, liderado por Joseph Mutaboba, está atualmente a rever as suas prioridades para reforma do aparelho de segurança no período 2012-13, na sequência do golpe militar.
O golpe foi "um sério revés" para a "paz, estabilidade e desenvolvimento" no país e, apesar da "condenação unânime internacional" e da "liderança da comunidade regional (CEDEAO)" na busca de uma solução pacífica, os esforços têm sido insuficientes, afirma.
"Há uma necessidade urgente de que os parceiros regionais e internacionais concordem numa resposta harmonizada aos desenvolvimentos no país", escreve Ban Ki-moon.
É "imperativo", adianta, que os parceiros desenvolvam uma "resposta unificada", em particular em relação à "total e efetiva reposição da ordem constitucional", tal como determinado na resolução do Conselho de Segurança após a crise.
A raiz do problema é a incapacidade de os líderes militares entrarem "num diálogo sério e genuíno de reconciliação nacional", e o persistente recurso à força para fins políticos, num clima de impunidade manifesto na incapacidade de investigar criminalmente vários assassínios políticos desde 2009.
"A estabilidade política na Guiné-Bissau vai continuar a ser um objetivo inatingível se a impunidade não for expurgada da sociedade", escreve Ban Ki-moon.
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