segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cabo Verde: BEM-VINDO, CAMARADA SEGURO!



Liberal (cv) - editorial

Em nome da tradicional morabeza cabo-verdiana, exigimos que o camarada Seguro assuma o compromisso público de convencer o camarada Raposo a voltar atrás, invertendo uma situação que coloca em risco imediato 83 famílias do Bairro de Santa Filomena, compostas por 280 pessoas, entre as quais 104 crianças, que ficarão sem tecto.

António José Seguro, o líder do Partido Socialista (PS) português, encontra-se em Cabo Verde para participar numa reunião da Internacional Socialista (IS). Queremos saudá-lo com a natural morabeza cabo-verdiana e desejar-lhe uma boa estadia.

E fazemo-lo esperando que retribua, nomeadamente, conversando, no regresso a Portugal, com o seu camarada Joaquim Raposo, o presidente da Câmara Municipal da Amadora que tem desumanamente despejado dezenas de cabo-verdianos do Bairro de Santa Filomena, deitando-lhes as casas abaixo e colocando-os sem tecto.

Mais, ainda, em nome da tradicional morabeza cabo-verdiana, exigimos que o camarada Seguro assuma o compromisso público de convencer o camarada Raposo a voltar atrás, invertendo uma situação que coloca em risco imediato 83 famílias do Bairro de Santa Filomena, compostas por 280 pessoas, entre as quais 104 crianças, que ficarão sem tecto.

Famílias essas que apenas usufruem um rendimento mensal entre 250 e 300 euros, depois de anos de trabalho sem direitos para que Portugal ostente hoje infraestruturas e grandes obras públicas. Foram elas, sim, camarada Seguro, que construíram com as suas mãos, o seu suor e, não raras vezes, com sangue e a própria vida, boa parte do Portugal moderno que hoje conhecemos. E foram elas também, camarada Seguro, que deram já várias vitórias eleitorais ao seu camarada Raposo e ao Partido Socialista.

Em nome da amizade secular que une cabo-verdianos e portugueses, não entenderíamos que o camarada não desse um sinal claro de demover o camarada Raposo, de o fazer pensar e agir com humanidade, de não esquecer que foi essa mão-de-obra crioula e mal paga que, desde os anos setenta do século passado, constituiu a força braçal que incrementou a construção civil no concelho da Amadora e construiu a cidade moderna que hoje é.

Foram esses homens de mãos calosos e morabeza que, com o seu esforço, edificaram prédios e rasgaram estradas; foram essas mulheres valorosas, heroínas anónimas, que limparam milhares de casas e escritórios dos seus compatriotas. Nunca se esqueça, camarada Seguro, porque o senhor parece ser a única esperança dessas mais de oito dezenas de famílias, de mais de cem crianças.

Esperança sim, porque do seu camarada José Maria Neves nada mais há a esperar. Nem ele, nem o seu Governo, tão pouco a embaixada em Lisboa, tomaram uma iniciativa que fosse em defesa dos nossos irmãos. E não tomaram porque o seu camarada Neves e o seu Governo limitam-se a lamber as botas aos “ilustres convidados estrangeiros” e, de mão estendida, quais pedintes, aguardam a próxima esmola que lhes permita continuar a viver no luxo, a enriquecer à custa dos dinheiros públicos, enquanto o nosso povo vive em casas miseráveis, urinando e defecando nas ruas, sem água nas torneiras, sem luz, e com os bandidos a tomar conta das nossas cidades.

Camarada Seguro, aguardamos, pois, um compromisso claro da sua parte. Vai, ou não, colocar a sua influência e a sua voz em defesa dos nossos irmãos?

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