RTP - Lusa
O embaixador de Portugal em Timor-Leste aconselhou hoje os portugueses residentes em Díli a evitarem "saídas de casa" durante a noite, após distúrbios que resultaram em 60 automóveis destruídos e três ou quatro pessoas feridas.
"Caros compatriotas, a título preventivo recomendo que, se vive em Díli, e tanto quanto possível, limite as saídas de casa esta noite", pode ler-se numa mensagem assinada "Embaixador" e enviada para os telemóveis dos portugueses residentes em Timor-Leste.
A mensagem do embaixador Luís Barreira de Sousa, enviada hoje à noite (em Díli), surge na sequência de distúrbios que provocaram a destruição de 58 carros e ferimentos em "três ou quatro" pessoas.
Os distúrbios ocorreram após o partido de Xanana Gusmão rejeitar coligação com a Fretilin, segundo disse à Lusa o secretário-geral Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Dionísio Babo.
"Um grupo de jovens esteve nas ruas a apedrejar carros e, segundo a informação da polícia, houve 58 carros que foram destruídos e três ou quatro pessoas que foram hospitalizadas, mas a situação em geral está calma. Parece que isso aconteceu logo depois da decisão do nosso partido - CNRT - para formar uma aliança com o Partido Democrático e a Frente Mudança. Esse grupo de jovens saiu para a rua e começou a fazer distúrbios", afirmou o responsável.
O secretário-geral do partido de Xanana Gusmão, vencedor das últimas eleições legislativas de 07 julho, sem maioria absoluta, explicou que ainda não há certezas sobre o que levou aos distúrbios, mas afirmou: "certo é que isto aconteceu logo depois do anúncio da decisão" do CNRT.
"O comandante da polícia apareceu na televisão local de Timor a falar disso e também apelou à calma e pediu às pessoas para ficarem em suas casas. (...) Neste momento a situação está mais controlada e esperamos que amanhã [segunda-feira] se torne calma", explicou ainda.
Adiantando que a situação já era esperada pelo partido, Dionísio Babo garantiu que "em geral a situação está controlada" e que nas ruas estão várias forças policiais, entre as quais o destacamento da GNR.
Também em declarações à Lusa, o comandante Barradas, do sub-agrupamento Alfa, em Díli, explicou que as divergências entre fações políticas timorenses culminaram em apedrejamentos, cortes de estradas, carros queimados e alguns ferimentos sem gravidade em Díli, Viqueque e Baucau.
Os incidentes ocorreram cerca das 19:00 em Díli (11:00 em Lisboa), obrigando à intervenção das autoridades policiais.
Pelas 23:00 (15:00 em Lisboa), a situação estava "pacificada", mantendo-se o patrulhamento da Polícia timorense, apoiada pelos militares portugueses da GNR, disse ainda o comandante Barradas.
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