sábado, 21 de julho de 2012

Guiné-Bissau: O RODOPIO DOS GOLPISTAS - AS REAÇÕES DOS PARCEIROS DESCONTENTES




Partido maioritário preocupado com "presumível assassinato" do deputado Roberto Cacheu

20 de Julho de 2012, 17:54

Bissau, 20 jul (Lusa) - O PAIGC, principal partido da Guiné-Bissau e no poder até o golpe de Estado de 12 de abril, disse hoje estar preocupado com "o presumível assassinato" do deputado e ex-governante Roberto Cacheu.

O deputado Roberto Cacheu, eleito pelo PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) do qual é membro do 'bureau' político, é um conhecido adversário do ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

É dado como desaparecido desde o dia 26 de dezembro na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado da qual é apontado como estando envolvido. Alguns círculos políticos guineenses, nomeadamente o Governo de transição, admitem que Roberto Cacheu teria sido assassinado.

Governo de transição está a fazer demasiadas substituições na função pública, acusa sindicalista

20 de Julho de 2012, 17:32

Bissau, 20 jul (Lusa) - A Confederação dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau criticou hoje o governo de transição, que acusou de estar a substituir todos os quadros da administração pública por pessoas sem formação, o que leva à desmotivação dos trabalhadores.

Filomeno Cabral, presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos Independentes, falava aos jornalistas após a primeira reunião do Conselho de Concertação Social envolvendo sindicatos e o governo de transição do país, formado na sequência do golpe de Estado de 12 de abril.

Segundo o sindicalista há demasiadas mexidas na administração por parte de um governo que é de transição.

"Para nós está a fazer-se uma limpeza na administração pública e o governo de transição tem um mandato de 12 meses para fazer um recenseamento, eleições e a reforma nos setores da defesa e segurança e na justiça", afirmou.

De acordo com Filomeno Cabral, foi feita "uma mudança total dos conselhos de administração das empresas, mudaram todos os diretores gerais e estes começaram a fazer a mudança dos diretores de serviço", o que configura uma "delapidação do aparelho do Estado".

"Estão a ser postas outras pessoas sem o mínimo de conhecimento do que estão a fazer, e isso traz uma desmotivação geral dos trabalhadores", disse o sindicalista, adiantando que a situação vai ser "veementemente" condenada a 03 de agosto, dia do trabalhador guineense.

A questão foi levada à Concertação Social, disse o sindicalista, adiantando que foram também discutidos problemas laborais nos setores da Saúde e Justiça, com os sindicatos do setor da Saúde a terem já entregue um pré-aviso de greve para a próxima semana.

Filomeno Cabral referiu, no entanto, que o governo se mostrou disponível para negociar com os sindicatos, tendo o ministro da Função Pública dito também aos jornalistas que nos próximos dias haverá reuniões com os sindicatos do setor da Saúde.

"Penso que não deverá de haver greves, pelo menos no setor da saúde", disse aos jornalistas o ministro da Função Pública, Trabalho e Reforma do Estado, Carlos Vamain, explicando que as reivindicações têm mais a ver com subsídios do que pagamento de salários.

"Na área da Educação recebemos a garantia de que não haverá (greves) desde que o governo cumpra as suas obrigações, o pagamento dos salários em atraso dos professores contratados e dos novos ingressos", disse Carlos Vamain.

O Conselho de Concertação social reúne-se de novo na próxima sexta-feira.

FP.

Dirigentes guineenses endereçam carta aberta à organização

20 de Julho de 2012, 16:12

Bissau, 20 jul (Lusa) - Dirigentes políticos da Guiné-Bissau divulgaram hoje uma carta aberta dirigida aos responsáveis da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) na qual questionam uma alegada proteção ao primeiro-ministro deposto em abril, Carlos Gomes Júnior.

A carta, subscrita por vários antigos ministros, entre os quais Manuel dos Santos (Manecas), Armando Ramos e Samba Lamine Mané, sugere que Carlos Gomes Júnior deve explicar as circunstâncias que levaram à morte de vários opositores ao seu regime.

"Durante o consulado do sr. Carlos Gomes Júnior foram cometidos inúmeros crimes de sangue: assassínios do Presidente João Bernardo Vieira, eleito democraticamente e membro fundador da CPLP, de dois chefes do Estado-Maior das Forças Armadas, de dois deputados", lê-se na missiva.

De acordo com os subscritores da carta, os assassinados eram pessoas que "por uma ou outra razão" se opunham a Carlos Gomes Júnior.

O grupo aponta ainda o desaparecimento do deputado e ex-secretário de Estado Roberto Cacheu - assunto político do momento na Guiné-Bissau - como sendo "mais um crime" cujo responsável, acusam, seria o governo de Carlos Gomes Júnior.

Deputado pelo PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Roberto Cacheu era um conhecido opositor de Carlos Gomes Júnior e foi dado como desaparecido desde o dia 26 de dezembro, estando supostamente envolvido no levantamento militar desse dia.

"Nós, amigos e camaradas do ilustre cidadão, decidimos homenagear o militante e dirigente do PAIGC, Roberto Ferreira Cacheu, barbaramente assassinado pelos sicários do regime do então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior", escrevem os signatários da carta dirigida à CPLP.

"Será que a CPLP com as embaixadas que têm em Bissau e com o secretário executivo guineense, engenheiro Domingos Simões Pereira, desconhece estes factos? Ou será que há forças de bloqueio dentro da CPLP que pretendem proteger Carlos Gomes Júnior e a sua clique em nome de interesses inconfessáveis?", questionam os subscritores da missiva.

MB.

União Europeia não tolerará mais golpes na Guiné-Bissau -- Durão Barroso

20 de Julho de 2012, 09:13

Maputo, 20 jul (Lusa) - O presidente da Comissão Europeia disse hoje em Maputo, na abertura da IX conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que a União Europeia não tolerará mais golpes na Guiné-Bissau e reclamou o respeito pela ordem constitucional.

Convidado a participar na sessão de abertura da reunião de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que tem como um dos principais pontos em agenda precisamente a situação na Guiné-Bissau, Durão Barroso, tal como já fizera na véspera, por ocasião da homenagem de que foi alvo por parte dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), voltou a lamentar que a Guiné-Bissau destoe de um quadro globalmente positivo e de progresso no quadro da lusofonia.

"Não posso deixar de assinalar a nossa maior preocupação relativamente à situação na Guiné-Bissau, onde a instabilidade provocada por alguns continua a impedir o progresso e prosperidade de todos", declarou.

Frente antigolpe da Guiné-Bissau felicita organização por excluir dirigentes de transição

19 de Julho de 2012, 18:53

Bissau, 19 jul (Lusa) - A FRENAGOLPE, uma organização que junta associações contra o golpe de Estado de abril na Guiné-Bissau, felicitou hoje a CPLP por ter convidado os dirigentes depostos para a cimeira de sexta-feira, em Maputo.

A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) reúne os chefes de Estado e de governo na sexta-feira em Maputo, Moçambique, mas não convidou os dirigentes de transição da Guiné-Bissau, porque não os reconhece. A representar o país estará Raimundo Pereira, o Presidente interino deposto a 12 de abril passado.

Em comunicado divulgado em Bissau, a FRENAGOLPE (Frente Nacional AntiGolpe) considera que a CPLP "teve um papel ímpar" e foi coerente nos seus princípios ao rejeitar "liminarmente a participação do governo de transição e do seu Presidente 'cedeaoistas'-golpistas, por serem ilegítimos".

"A CPLP mostrou aos golpistas que não estará para facilitar", diz o comunicado da FRENAGOLPE, uma entidade que junta, refere, meia centena de organizações civis, políticas, sindicatos, juventude e mulheres.

A CPLP integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe.

Criada após 12 de abril, a FRENAGOLPE exige "a restauração do Estado de direito democrático e o retorno à ordem constitucional no país, ou seja a reposição do governo eleito do PAIGC" (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), no poder até ao golpe de Estado.

A organização exige também a continuidade do processo eleitoral da segunda volta das eleições presidenciais. O golpe deu-se na véspera de começar a campanha eleitoral para a segunda volta. Carlos Gomes Júnior, do PAIGC e primeiro-ministro, tinha ganho a primeira.

"A insatisfação é enorme, pelo que apelamos à reposição da ordem constitucional, e que seja garantido o regresso imediato ao país de Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro da Guiné-Bissau", diz o comunicado.

FP.

*Título PG

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