RTP - Lusa
O ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires, chefe da missão de observadores da União Africana (UA) às eleições gerais de 31 de agosto em Angola, afirmou que a equipa fará o seu trabalho de fiscalização com "confiança" nas instituições angolanas.
Pedro Pires chefia pela primeira vez uma missão de observadores internacionais, a convite da presidente da comissão da UA, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma.
Questionado sobre se existem condições para que as eleições gerais de 31 de agosto sejam livres, justas e transparentes, Pedro Pires afirmou que não se pode partir para o processo com desconfiança.
"Entendo que Angola é um Estado soberano, as suas instituições são soberanas e legítimas porque vieram de eleições também consideradas legítimas e a nós cabe-nos ter confiança. Mas isso não significa não avaliar, não fiscalizar ou não acompanhar", explicou.
O chefe da missão da União Africana disse acreditar que os maiores interessados para que as eleições de 31 de agosto sejam consideradas livres, justas e transparentes são os angolanos e as suas instituições, não havendo razões para à partida pôr em causa a legitimidade do escrutínio.
"Poderemos não gostar dos resultados eleitorais, mas isso não nos poderá levar a pôr em causa a legitimidade das eleições", disse Pedro Pires.
"É preciso ter em conta que o sistema de observação das eleições em Angola é amplo: são milhares de observadores nacionais e centenas de observadores internacionais. É todo este sistema de observadores que nos irá dizer se as eleições foram justas ou não", acrescentou, garantindo que a sua missão vai estar atenta durante todo o processo.
O antigo Presidente de Cabo Verde afirmou também não se sentir incomodado com o facto de a União Nacional para a Independência total de Angola (UNITA), principal partido da oposição em Angola, ter criticado a sua nomeação para chefiar a missão da UA, adiantando que só vai a Luanda porque foi convidado.
"Eu tenho uma experiência de vida enorme (...) já passei por muitas situações. Se esse partido discorda da minha nomeação, é a opinião desse partido angolano. Mas a questão é que eu não me candidatei a esta missão. Convidaram-me para lá ir, portanto não tenho preconceitos prévios contra quem quer que seja", acrescentou.
"As missões de observação têm por objetivo garantir o acompanhamento da realização do ato eleitoral e verificar as condições em que são realizadas. Creio que o facto de eu ter sido escolhido pela UA vem nesse sentido: pôr à frente da sua missão de observadores alguém que conhece Angola, que conhece os dirigentes angolanos e que goza de prestígio internacional", avançou.
A missão da UA será composta por 52 observadores de diversos países africanos, além de nove elementos de apoio e, segundo Pedro Pires, serão distribuídos pelas 18 províncias de Angola, embora a maior parte dos observadores fique em Luanda.
A missão estará em Angola de 25 de agosto a 05 de setembro.
Angola realiza eleições gerais a 31 de agosto, que vão escolher a composição do parlamento e os nomes do Presidente e vice-Presidente da República, nomeados a partir do número um e número dois da lista do partido mais votado.
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