segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Angola: MANUEL VICENTE SEM ENERGIA EM MALANJE




Ezequiel Fragoso – Maka Angola, com foto

A realidade e os militantes do MPLA contrariaram ontem, 11 de Agosto, na província de Malanje, o discurso do seu candidato a vice-presidente da República, Manuel Vicente, no decurso da campanha para as eleições de 31 de Agosto.

Durante vários dias, a emissora provincial da Rádio Nacional de Angola anunciou a mobilização de uma multidão de mais de 100,000 militantes e amigos do MPLA para assistirem ao comício de Manuel Vicente, realizado este Sábado, na ex-feira do partido, no Bairro Catepa, na cidade de Malanje.

Para acomodar a grande multidão, a administração municipal de Malanje demoliu, na semana passada, 10 salas de aulas anexas à Escola Primária da Feira. Sobre o acto, o director provincial de Educação, Gabriel Alexandre Boaventura, justificou à imprensa que a destruição das salas de aula é um projecto antigo que “vem responder à nossa programação desde o início do ano ”. Os alunos encontram-se em pausa pedagógica devido ao período eleitoral.

O responsável de educação garantiu reabilitação e ampliação de uma outra escola, a Patrice Lumumba, para acomodar também os alunos das salas destruídas. “Nós pensamos que, dadas as condições em que se encontravam as salas de aulas, havia a necessidade de transferir as crianças que estudavam nessas salas para a Patrice Lumumba”, disse Gabriel Alexandre Boaventura.

A Patrice Lumumba encontra-se a uma distância de cerca de quinhentos metros da Escola da Feira e, segundo apurou o Maka Angola, no local, as obras estão em curso e não terminarão em Setembro, quando as aulas reiniciarem.

No entanto, apenas cerca de 4,000 pessoas participaram do comício e muitos abandonaram o local quando uma falha de energia eléctrica interrompeu, por mais de meia hora, a animação musical que antecedeu o discurso de Manuel Vicente. A ocasião serviu também para os espectadores manifestarem publicamente aos líderes do MPLA, com apupos, o seu descontentamento pelas constantes falhas de luz e por inúmeras promessas não realizadas.

A província de Malanje alberga a barragem hidroeléctrica de Kapanda, um investimento de US $2.6 biliões, que começou a produzir energia eléctrica em 2004. Mas a província, com mais de um milhão de habitantes, tem apenas 22 mil consumidores de energia eléctrica, incluindo instituições públicas, privadas e residentes. Dos 14 municípios da província, apenas dois, a capital Malanje e Cacuso, recebem energia.

No seu discurso, o actual ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Vicente, realçou os progressos alcançados pelo seu governo, em 10 anos de paz, acusou a oposição de estar cega às realizações em prol da reconstrução nacional e bem-estar dos angolanos. O ministro e candidato a vice-presidente prometeu electricidade, água e educação para todos os malanjinos. A audiência reagiu sem entusiasmo e, durante o evento, o mestre de cerimónias teve de pedir várias vezes aos participantes para que batessem palmas e manifestassem o seu apoio ao MPLA.

Na bancada central, o slogan que melhor identificava os anos de ditadura e de Marxismo-Leninismo em Angola – “o MPLA é o povo e o povo é o MPLA” – dominava, em letras gigantes, o ambiente do comício.

Apesar da lembrança ao passado e os constantes apelos do mestre de cerimónias, a população praticamente reservou os seus aplausos para o grupo musical Génesis e para os outros cantores. Os dirigentes, na bancada central, tiveram de usar as “palmas artificiais”, de plástico, para animar o discurso de Manuel Vicente.

Sem comentários:

Mais lidas da semana