EL - Lusa
Luanda, 11 ago (Lusa) - Centenas de pessoas participaram hoje em Luanda numa iniciativa promovida por grupos da sociedade civil que têm organizado manifestações antigovernamentais em Angola, e que visou criar uma estrutura de acompanhamento da votação nas eleições gerais de 31 deste mês.
O evento, que decorreu sem incidentes e lotou a sala da Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos (antiga Lina Nacional Africana), visava debater com representantes de três dos nove partidos e coligações concorrentes ao escrutínio a forma de assegurar a "transparência" do processo eleitoral.
Daquelas três formações partidárias, apenas a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) e o Partido de Renovação Social (PRS) enviaram representantes políticos.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, enviou apenas um delegado de mesa de voto.
"Decidimos criar uma plataforma informática para receber denúncias e possíveis manobras que visam desestabilizar um processo que se quer transparente e exemplar", disse Luaty Beirão, um dos organizadores da iniciativa.
No dia do escrutínio, a plataforma divulgará "em tempo real" informações dos representantes das várias organizações da sociedade civil, como o Movimento revolucionário Estudantil e Movimento Popular Unido, que "em articulação com os partidos políticos de oposição credíveis e organizações não-governamentais" vão acompanhar quer a votação quer o processo de contagem dos votos.
"Pretendemos alertar a Comissão Nacional Eleitoral e a imprensa internacional para o que se está a passar", acrescentou Luaty Beirão, "rapper" angolano conhecido como Ikonoklasta ou Brigadeiro Matafrakuz.
Na sessão participaram ainda representantes de partidos políticos que viram gorada pelo Tribunal Constitucional a pretensão de participar na votação, como o Bloco Democrático e o Partido Popular.
No início da sessão, Nelson Pestana "Bonavena", do Bloco Democrático, justificou a necessidade de se criar a plataforma de receção de denúncias para impedir o que caraterizou como "batota generalizada" que alegou ter-se verificado nas anteriores eleições, em 2008.
"É preciso que a batota de 2008 não se repita. É preciso que cada um dos cidadãos, credenciados ou não, se transforme em fiscal eleitoral, porque a verdade eleitoral é a manifestação da soberania", frisou.
"Não queremos que o voto do Joaquim se transforme num voto no José", acentuou Nelson Pestana, referindo-se ao primeiro nome do Presidente da República e líder do MPLA, partido no poder, José Eduardo dos Santos.
Ao longo da sessão, em que se simulou o ato de votação e explicação dos procedimentos a adotar, iam sendo gritadas palavras de ordem contra o regime, como "abaixo a ditadura" e "o povo unido jamais será vencido".
O evento iniciou-se com duas horas de atraso, porque à hora prevista, estava a realizar-se no mesmo local um velório.
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