A campanha eleitoral em Angola está pegando fogo. Discursos de motivação à violência como o de um general reformado do partido no poder chamam a atenção, pouco mais de três semanas antes das eleições gerais angolanas.
O general Kundi Paihama, ministro angolano dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria disse em meio a campanha eleitoral para o escrutínio marcado para o final de agosto, que quem tentar lutar contra o partido no poder, o Movimento para a Libertação de Angola (MPLA), e o seu presidente, será varrido.
Um discurso já condenado por diversos setores da sociedade e analistas.
"MPLA não está preparado"
A campanha eleitoral em Angola ficou marcada na última semana por discursos inflamatórios proferidas em Benguela por um membro do MPLA. O general Kundi Paihama falava para pouco mais de 30 mil pessoas no Estádio Nacional de Ombaka.
Kundi Paihama, a quem cabe dirigir a campanha eleitoral do MPLA em Benguela desde as primeiras eleições multipartidárias em 1992, fez a ameaça ao mencionar o incidente ocorrido na ultima sexta-feira (3.08) entre militantes da UNITA (oposição) e do MPLA. Na ocasião, cartazes de propagandas de ambos os partidos foram mutuamente destruídos, e os envolvidos no vandalismo foram parar à cadeia, segundo publicou a agência de notícias Lusa.
No discurso para a grande massa, o ministro recorreu ainda ao argumento da guerra para justificar que o seu partido é o único capacitado para governar o país. Deu a entender que se a UNITA vencer estas eleições, a paz em Angola poderá estar em risco.
As declarações violam o código de conduta eleitoral, defende o analista político Viriato Nelson Albino. "O discurso do partido no poder deveria ser um discurso conciliador. Chegar em Benguela, considerada a segunda maior praça eleitoral de Angola, com discurso inflamador só demostra que o MPLA não está preparado para deixar o poder", conclui.
Membro da UNITA detido
A UNITA, a União Nacional para a Independência Total de Angola, declarou via um comunicado que repudia as declarações proferidas no sábado pelo general e lembra que em época de campanha eleitoral, o conflito é de ideias.
Mas aparentemente não foi exatamente o que fez Calisto Kavoli, membro da UNITA e secretário municipal de Benguela. Juntamente com outros envolvidos na destruição mútua dos cartazes na sexta-feira, ele foi detido.
Ainda de acordo com a Lusa, a detenção de Kavoli foi confirmada pelo superintendente-chefe do Comando Provincial da Polícia Nacional de Benguela, Vicente Nogueira, e pelo secretário provincial da UNITA, Alberto Ngalanela.
Autor: Nelson Sul D’Angola (Benguela/Angola) / Bettina Riffel - Edição: António Rocha
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