quarta-feira, 8 de agosto de 2012

LEILÃO PARA O CARGO DE MINISTRO DO INTERIOR



Alfredo Muvuma – Maka Angola

Um antigo membro do governo, agora na Assembleia Nacional a cumprir mandato de deputado pelo MPLA, estará na disposição de pagar até US $4 milhões a quem convencer o Presidente José Eduardo dos Santos a nomeá-lo como ministro do Interior no executivo a ser constituído depois das eleições de 31 de Agosto.

A compra e venda de cargos no comité central do MPLA e no governo é uma prática antiga no partido que governa Angola desde 1975.

No último fim de semana, o Novo Jornal, geralmente muito bem informado sobre a alta política angolana, revelou que o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, está na iminência de perder o cargo em virtude de ter leiloado cargos no comité central do partido.

Suspeita-se que o leilão de postos envolveria, igualmente, assessores do Presidente José Eduardo dos Santos.

No entanto, segundo fontes do Maka Angola, o quase consumado afastamento de Dino Matross dar-se-á mais por causa de uma renhida luta interna no seio do MPLA e menos pela repulsa que a prática do secretário-geral tenha suscitado no partido.

Enquanto Dino Matross está em vias de ser castigado, para facilitar a ascensão de uma outra ala do regime na administração do MPLA, o leilão de cargos públicos continua.

Antigo governador provincial e ministro, o deputado que agora almeja o cargo de ministro do Interior é bem conhecido por ser muito bom em operações de somar e subtrair. “Se o deputado está disposto a pagar 4 milhões pelo cargo é porque está seguro que teria um retorno nunca inferior a 100 milhões de dólares no mínimo”, assevera uma fonte do Maka Angola.

O leilão de cargos é, em parte, responsável pela entrada nos mais altos escalões do MPLA e do governo de pessoas com pouca ou nenhuma preparação académica, técnica ou profissional.

Práticas como as que envolvem o secretário-geral do MPLA e até mesmo assessores do Presidente da República ajudam a perceber melhor a razão pela qual as intenções de combater a corrupção, várias vezes reiteradas pelo próprio líder do MPLA, nunca saíram do papel.

O envolvimento de pesos-pesados do MPLA e da Presidência da República com a alta corrupção explica a feroz resistência que iniciativas como a criação da Alta Autoridade Contra a Corrupção encontram no seio do partido governante.

Sem comentários:

Mais lidas da semana