sábado, 25 de agosto de 2012

Wikileaks: Fotógrafo flagra ordem para prender Assange “sob qualquer circunstância”

 
Divulgação/Press Association Lewis Whyld
Roberto Almeida, Londres – Opera Mundi
 
Patiño acusa Reino Unido de atropelar a inviolabilidade da representação diplomática com uma lei local de 1987
 
Um briefing tático da polícia metropolitana de Londres, exposto nesta sexta-feira (24/08) pelo fotógrafo da Press Association Lewis Whyld, detalha as ordens dadas pela Scotland Yard para prender o fundador do Wikileaks, Julian Assange. O plano considera a hipótese de o jornalista tentar fuga “sob imunidade dip., como bagagem dip. ou dentro de bagagem dip”.
 
Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres desde o dia 19 de junho. A foto mostra o documento escrito à mão, preso a uma prancheta, nos braços de um policial em frente à representação diplomática. “Resumo da posição atual Re Assange. Ação requerida - Assange deve ser preso sob qualquer circunstância”, diz o texto.
 
O texto completo, em inglês: “BRIEF - EQ. Embassy brief - Summary of current position Re Assange. Action required - Assange to be arrested under all circumstances. He comes out with dip. immun., as dip. bag. in dip. bag (right to [ilegível]) in dip. vehicle - ARRESTED. Discuss possibility of distration.”
 
A revelação da estratégia da policia londrina, já classificada como uma “vergonha” para a Scotland Yard pelo jornal britânico The Telegraph, reforça a tentativa de prender Julian Assange independente de sua condição legal, mesmo se o jornalista tentar fuga como bagagem diplomática, que é inviolável segundo convenções internacionais.
 
Na última quarta-feira (15), o chanceler do Equador, Ricardo Patiño, expôs uma carta do governo britânico contendo a ameaça de invadir a embaixada do país em Londres para prender Assange, atropelando a inviolabilidade da representação diplomática, garantida pela Convenção de Viena, com base em uma lei local de 1987.
 
“Na quarta-feira à noite”, lembrou Assange em discurso na sacada da embaixada, no último domingo (19), “depois que uma ameaça foi enviada a esta embaixada e a polícia apareceu neste prédio, vocês vieram no meio da noite para testemunhar e vocês trouxeram os olhos do mundo. Dentro da embaixada, depois que a noite caiu, eu ouvi tropas policiais entrando pela escada de incêndio. Mas eu sabia que haveria testemunhas, e isso só foi possível por causa de vocês”.
 
A ameaça foi condenada pela Unasul, que pediu respeito à Convenção de Viena. Assange, que hoje detém status de asilado político, concedido pelo presidente do Equador Rafael Correa, está dentro da embaixada desde o dia 19 de junho deste ano. Ele luta para não ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de estupro. O fundador do Wikileaks, porém, não foi indiciado, não responde a processo e nega a acusação.
 
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