terça-feira, 18 de setembro de 2012

Moçambique: ARMANDO GUEBUZA DEVERÁ CONTINUAR À FRENTE DA FRELIMO

 

 
Apesar de não ter total apoio dos membros do seu partido, Armando Guebuza deverá manter-se na liderança do partido no poder. A confirmação sairá da X Conferência da FRELIMO.
 
A questão da recandidatura de Armando Guebuza à liderança do país está diretamente ligada à sua posição como número um da FRELIMO. Segundo o histórico desta formação política, se Guebuza não se poder recandidatar como presidente do país, não poderá também comandar o partido no poder. Entretanto, as razões para a sua continuidade são associadas também ao seu interesse em tirar proveito dos recursos naturais descobertos no país.
 
O X Congresso terá lugar entre 23 e 28 de setembro, na cidade de Pemba, na província nortenha de Cabo Delgado, e há muitas expectativas quanto às suas decisões, principalmente por causa da polémica recandidatura do atual presidente.
 
Decisão politicamente correta
 
Entretanto tudo terá sido já definido em agosto, no último comité central da FRELIMO. Apesar de, segundo a imprensa moçambicana, vários nomes sonantes contestarem essa vontade, e das cisões dentro do partido Guebuza conseguiu apoio suficiente. O analista político do Centro de Resolução de Conflitos "Justa Paz" em Moçambique, Alfiado Zunguza, acredita que tem de se levar em conta o "politicamente correto nas circunstâncias em que uma pessoa se encontra envolvida. Naturalmente, não poderia existir nenhum membro [da FRELIMO] que pudesse dizer "não, eu não quero o Guebuza". Isso seria "politicamente arriscado", segundo Zunguza. Por isso, as chances de uma reviravolta neste caso são mínimas, considera o analista.
 
Alternativas a Guebuza
 
paralelo, outros nomes são apontados para ocupar o cargo, tal como o de Luísa Diogo, ex-primeira ministra e também membro sénior do partido. No entanto, ela prefere não se posicionar e explica que "a Luísa Diogo não tem de encarar um desafio que ela própria acha que nunca lhe foi colocado. Por isso, a Luísa Diogo está muito tranquila. Eu só refletirei se me colocarem [no cargo]. Eu prefiro não me antecipar porque, em todo o meu percurso profissional, nunca me coloquei antecipadamente para um cargo."
 
Sob o ponto de vista de gestão, Luísa Diogo é considerada competente e alvo de simpatias dentro e fora do país. Mas se alguns se mostram contra a recandidatura de Guebuza, a ex-primeira ministra é de opinião contrária. Ela elogiou-o e manifestou o seu apoio.
 
Duas vias para o futuro da FRELIMO
 
Alfiado Zunguza acredita que no futuro a FRELIMO, no poder desde a independência em 1975, poderá viver dois quadros.
 
"(...) para a FRELIMO continuar coesa terá de se abrir ainda mais ao diálogo interno e não simplesmente pactuar com a disciplina partidária em que, quando o chefe decide, todos os outros têm simplesmente de cumprir. É a própria sobrevivência do partido que está em risco. E acredito que através deste congresso se poderá abrir um espaço para uma maior interação no partido. Caso contrário, poderemos experimentar uma situação muito mais complicada no partido com cisões, provavelmente, mais abertas como as que vimos no ANC [Congresso Nacional Africano] na África Do Sul."
 
Recursos naturais e interesses partidários
 
Paralelamente a esta luta pelo poder na FRELIMO, as descobertas de recursos naturais no país são também um fato a considerar. É de conhecimento público que o presidente Armando Guebuza domina o mundo de negócios em Moçambique. A suspeita generalizada é de que o presidente pretende tirar proveito deles, algo que o analista político Alfiado Zunguza acredita estar na esfera da "é uma linha de interpretação."
 
Zunguza especifica as interpretações possíveis, dizendo que pode ser visto dentro de uma linha em que todas as orientações do ponto de vista estratégico de envolvimento, não só do partido mas de como o processo de concessão e exploração desses recursos [é feito] não tenha de ser alterado. "Deste modo, em primeiro lugar, beneficiaria o próprio partido o próprio presidente", já que têm envolvimento direto em empresas. "Mas também pode ser [considerado] (...) do ponto de vista do desenvolvimento nacional, [para que] não haja uma alteração face à alteração do governo" completa Alfiado Zunguza, analista político do Centro de Resolução de Conflitos "Justa Paz" em Moçambique.
 
Autora: Nádia Issufo - Edição: Carla Fernandes / António Rocha
 
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