quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Moçambique: OPERAÇÃO HIGJACK

 

Carlos - Savana
 
Operação HighjackA possibilidade de uma mexida estatutária para atribuir a Guebuza poderes supremos está a agitar alguns círculos restritos do poder, com uns a se posicionarem para bloquear esta pretensão no Congresso de Pemba.
 
Ao que o SAVANA apurou, um grupo de camaradas muito próximo da esfera de Joaquim Chissano, está a desenhar uma estratégia para travar Guebuza.

Os mesmos deverão lembrar a Guebuza a tradição do partido e as dificuldades que um PR-que não lidera o partido-teria para dirigir o Estado. O grupo de pressão deverá ainda recordar a Guebuza os argumentos que usou para afastar Joaquim Chissano da presidência do poder, evitando, na altura, dois centros de poder.

O Congresso de Pemba vai reeleger Guebuza para um terceiro mandato como presidente da Frelimo e indicar um novo Comité Central, o órgão máximo do partido entre os congressos. O Comité Central saído do Congresso irá eleger o candidato do partido paras as eleições de 2014.

Tal como aconteceu com Guebuza quando foi indicado candidato em 2002, o grupo de camaradas de choque da Frelimo irá exigir que o presidenciável seja apontado o mais cedo possível para poder montar a sua máquina.

Receios de mexidas constitucionais

No entanto, após o maquievelismo estatutário engendrado por Guebuza para controlar o Governo a partir do partido, vieram novamente à tona receios de uma eventual mexida constitucional para acomodar um terceiro mandato do actual chefe de Estado.

Armando Guebuza havia afastado repetidas vezes a possibilidade de se recandidatar a um terceiro mandato, evocando o respeito pela Constituição e pelas leis, mas alguns camaradas afiaçaram-nos que essa pretensão não está posta de lado a avaliar pelos resultados da sessão do Comité Central que terminou este domingo.

Recorde-se que, na IV sessão extraordinária realizada em finais de Março de 2010, foi Joaquim Chissano que lançou o debate sobre o terceiro mandato.

No seu estilo de exímio diplomata, o antigo presidente fez referência às suas viagens ao exterior, aos contactos com diferentes interlocutores, nomeadamente internacionais, que o interrogavam sobre as vantagens da maioria qualificada, da possibilidade de se alterar a Constituição e abrir caminho a mais um mandato para Armando Guebuza.

Na altura, Chissano, como também é seu estilo, evitou tomar posição na melindrosa questão.

Um “militante de base” pediu a palavra para defender a alteração da Constituição para permitir um terceiro mandato a Guebuza.

Mas Jorge Rebelo fez uma intervenção para clarificar as águas, defendendo que, se havia dúvidas era bom que elas ficassem ali mesmo esclarecidas. Guebuza foi então obrigado a reiteirar que irá respeitar a constituição. Alguns camaradas disseram ao SAVANA que estas duas figuras voltarão a ser determinantes no Congresso de Pemba.

Proposta na AR

Lembre-se que após dois anos de secretismo, a Frelimo apresentou uma proposta de revisão da Constituição muito longe das expectativas que ela própria ajudou a criar, pela forma como lançou o debate.

A proposta da Frelimo, que será ainda debatida no Parlamento, não contém a mudança da extensão dos mandatos do Presidente da República, do sistema de governação, ou a concentração de poderes no Chefe de Estado.

Na proposta de lei de revisão da Constituição da República anunciada na passada semana, a Frelimo limitou-se a mudanças de designações, inclusão e supressão de algumas palavras e ao melhoramento da sintaxe do texto da Constituição, mas há receios de acréscimos de última hora para acomodar um terceiro mandato de Guebuza.

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