Daniel Oliveira –
Expresso, opinião, em Blogues
No meio da crise
política, passou como nota de rodapé a ausência do governo português na reunião
que, em Roma, juntou os governos de Espanha, Itália e Grécia. Independentemente
das razões circunstanciais para tal ausência, é a mais clara demonstração do
destino catastrófico a que este governo está a entregar o País.
Qualquer solução
para os países em dificuldades passa por uma posição consertada que obrigue a
Alemanha a negociar e a impeça de continuar a dirigir a Europa para o abismo.
Só que o nosso governo pensa que, pondo Portugal na posição de protetorado e
defendendo, mesmo contra os interesses do País, tudo o que venha de Berlim,
contará com a benevolência da senhora Merkel. Nem as declarações recentes da
chanceler alemã, em que disse que a austeridade em Portugal não abrandaria
mesmo que entrássemos em recessão, abrem os olhos a esta gente.
Portugal já não se
limita a não querer ser confundido com a Grécia. Não quer, veja-se bem a
presunção do desgraçado, ser confundido com a Itália e a Espanha. A questão não
é de famílias politicas. Os três países em causa têm primeiros-ministros de direita.
A questão é cultural: o deslumbramento, a ignorância e o provincianismo de
Passos Coelho estão para lá da esquerda e da direita e vão isolar Portugal dos
seus únicos aliados possíveis. Desprezar a precisos oportunidade de ter o
respaldo de Itália e Espanha, quando sabemos que nunca poderemos contar com o
apoio alemão nas questões que interessam aos países periféricos, é de uma
estupidez sem nome.
Quando a Europa
deixar cair Portugal - e esse momento chegará -, é provável que nos faltem
aliados. Esses estarão a tentar encontrar saídas no quadro europeu. E é
provável que não se preocupem com o animal de estimação da Alemanha que
esperou, com a sua subserviência acrítica, por migalhas. O que poderemos dizer
então? Que nos estaremos a deitar-nos na cama que fizemos.
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