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Um grito de revolta da sociedade civil. É desta forma que Nuno Ramos de Almeida, um dos 29 subscritores originais do apelo "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!", vê as manifestações marcadas para este sábado em dezenas de cidades portuguesas e estrangeiras. Mais de 103 mil pessoas já tinham confirmado presença. Veja o mapa dos protestos.
Rejeitando protagonismos, o jornalista considera que "o texto original publicado no Facebook sintetiza as preocupações de um conjunto de pessoas de vários quadrantes que entendem ser chegada a altura de rejeitar o memorando da troika. Já basta de austeridade".
O que fazer a seguir com tamanha indignação coletiva é a questão que se colocará nos próximos tempos. Apesar de vários dos outros subscritores do movimento defenderem que as manifestações podem ser o início de uma revolta popular pacífica, Nuno Ramos de Almeida rejeita qualquer "tentativa de instrumentalização". "Os protestos não são um ensaio para um movimento mais amplo. Nem sequer representamos essas 100 mil pessoas. Quando muito, somos apenas os facilitadores, transmitindo a sua revolta", aponta.
E se, entre os manifestantes, figurarem políticos? A possibilidade é encarada sem problemas por Nuno Ramos de Almeida, para quem "a manifestação é de toda a gente e, ao mesmo tempo, não é de ninguém", excetuando aqueles que possam participar apenas com o objetivo de provocar desacatos.
Apesar de o apelo remontar aos últimos dias de Agosto, foi só na última semana que o movimento atingiu proporções gigantescas.
Ramos de Almeida encontra com facilidade o motivo da viragem: a declaração em que Pedro Passos Coelho anunciou aos portugueses, na sexta-feira da semana passada, novas medidas de austeridade. "Há um claro antes e depois em termos de mobilização. Esse anúncio terá sido a gota que fez transbordar o copo, gerando uma onda de indignação. Até esse momento, muita gente tinha a perceção de não existir alternativa à troika", relembra.
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