domingo, 30 de setembro de 2012

Portugal – MINISTRO GASPAR: NÃO QUER TAXAR O AR QUE RESPIRAMOS?

 


Tiago Mesquita – Expresso, opinião, em Blogues
 
Não era genial? Veja bem, caro ministro. O ar é de todos, certo? E não vivemos (literalmente) sem ele. É um bem comum, dizem. Mas não tem de ser assim. Vamos nacionalizar o 'ar de Portugal', ok? Depois privatizamos a coisa. Vendemos a uma empresa angolana, brasileira ou chinesa. Fale com o seu colega Relvas, vai ver que ele tem logo um contacto interessado. Nestas coisas de vender ar e vento ele é especialista.
 
Se pagamos a água, a luz, o gás, a televisão, a gasolina e quase tudo o resto a preço de ouro, pagamos os dislates e incompetências de governos, os bancos privados que aldrabões levam ao charco, as milhentas autoestradas (Portugal é uma espécie de pista de F1 da Europa) para enriquecer construtoras que contratam ex-governantes e a seguir pagamos para meia dúzia de concessionarias encherem os bolsos (onde trabalham ex-governantes), as PPP escandalosas que deviam levar muitos à cadeia, pagamos submarinos, helicópteros e tanques que nem existem. Por que motivo não tributa V. Exa. o ar que respiramos? "Quer respirar? Tem de pagar". Quanto mais respirar mais paga. É o princípio do utilizador-pagador. Se parar de respirar faz-se o acerto. Se o cidadão estiver ao abrigo de respiração assistida tem de preencher um formulário a pedir escusa.
 
A ideia é a seguinte: à imagem daquela empresa, a JP qualquer coisa, que fez aquelas preciosidades tecnológicas que os miúdos venezuelanos e panamianos ainda usam: os 'Magalhães' ( só um minuto, vou parar para me rir um bocadinho...). Bem, continuando, a ideia é contratar uma empresa de um amigalhaço qualquer (adjudicação direta, entenda-se) e começar a fabricar um aparelho medidor dos consumos de ar atmosférico que a pessoa faz ao longo do mês. Aplica-se o chip no cidadão/consumidor (mediante o pagamento de uma taxa de instalação - 45€) e a pessoa fica obrigada a ligar para uma linha de apoio (paga, obviamente, sugiro 0,60€ + IVA) a dar a leitura todos os meses. Quanto mais arzinho entrar nos pulmões mais o Estado enche os cofres e mais atrativa fica a empresa aos olhos dos privados.
 
Tem toda a lógica. Quer melhor bandeira para sinalizar o sufoco generalizado que V. Exa. e o outro senhor de Massamá estão a promover? Acho inclusivamente que há muita gente que respira muito mais do que devia e não paga mais por isso. Normalmente é assim que funciona, os que mais ar têm fazem com que os que mal respiram paguem a factura. Fica a dica.
 
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