terça-feira, 18 de setembro de 2012

Portugal – Passos e Portas: A PORTA DA RUA PODE SER SERVENTIA DA CASA

 


Henrique Raposo – Expresso, opinião, em Blogues
 
Passos Coelho e Paulo Portas fizeram o impensável: colocaram em causa a estabilidade da coligação num momento em que o Estado está falido. Para começo de conversa, parece evidente que, na questão da TSU, Passos tratou o parceiro de coligação da mesma forma que Sócrates tratou o país durante o PEC IV: não informou o parceiro de coligação com o devido tempo, concebeu esta medida gigantesca sem diálogo dentro do próprio governo; foi tudo feito em cima do joelho. E Portas? Sim, a origem do problema está no procedimento inicial de Passos/Gaspar, mas o líder do CDS devia ter parado a onda de irresponsabilidade. Em vez de fechar o partido numa sala de chá, em vez de discutir esta questão dentro de portas, Paulo Portas saiu à rua como se fosse um membro da oposição. Portas diz que é um institucionalista - não se notou. Mais: quando fez aquele discurso cheio de perguntas retóricas, devia ter apresentado as suas alternativas. Antes, durante e depois desta crise, o CDS tinha, tem e terá o dever de apresentar os tais cortes na despesa que compensem o não-aumento da contribuição das famílias para a segurança social.
 
Aliás, o governo tem o dever de apresentar um plano concreto e duro de redução da despesa. Passos e Portas têm um mandato claro para cortar na despesa, para sodomizar as PPP e fundações, para meter as CPs e Carris na ordem, para fechar câmaras e freguesias, para fechar institutos e repartições com o consequente despedimento dos funcionários públicos que estão a mais. Sem esta reestruturação do Estado, que permita a redução da despesa corrente, os contribuintes vão continuar a ser assaltados todos os anos. Esta redução do Estado provocaria manifs, com certeza, mas seriam manifs sem legitimidade, seriam as manifs dos "direitos adquiridos", algo que a maioria da população já não está disposta a financiar. O Estado tem de emagrecer, até para salvaguardar o essencial (saúde). Se não conseguem fazer isto, se só sabem assaltar o contribuinte à la PS, então o Dr. Portas e o Dr. Passos devem ficar a saber uma coisa: a porta da rua é serventia da casa.
 
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