domingo, 9 de setembro de 2012

Portugal: UGT ESTÁ FARTA, ACORDO COM GOVERNO E PATRÕES ESTÁ POR UM FIO

 


Lucília Tiago e Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo
 
João Proença diz que na terça UGT debate se continua ligada ao acordo. Ministro da Economia está muito preocupado com quebra de consenso
 
O anúncio de Pedro Passos Coelho caiu muito mal na UGT. João Proença, secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores, diz que a denúncia do acordo assinado no início deste ano "é uma questão que estará em cima da mesa na reunião do secretariado nacional marcada para dia 11".
 
O líder da estrutura sindical foi a peça chave para que o Governo pudesse reclamar junto da troika que Portugal conseguiu beneficia de um "consenso social" em torno da agenda das reformas estruturais.
 
Mas agora, sabe o Dinheiro Vivo, João Proença está muito desagradado com o curso dos acontecimentos. Por outro lado, vê esta possível rutura como uma forma de sair da liderança da UGT, algo que acontecerá em 2013, como alguém de esquerda.
 
Por ter assinado o acordo com o Governo de direita (PSD/CDS) e as confederações patronais, João Proença acabou por ganhar detratores da sua estratégia de negociação no mundo sindicalismo.
 
O clima está de cortar à faca e o próprio ministro Álvaro Santos Pereira, o ministro da Economia, teme pela manutenção da aliança assinada em janeiro na concertação, apurou o Dinheiro Vivo junto de várias fontes.
 
De facto, Proença foi-se distanciando. Em janeiro, João Proença dizia que "este acordo traduz vantagens para os trabalhadores, face às mudanças incluídas no memorando de entendimento assinado com a troika".
 
O entusiasmo do sindicalista, que está de saída da liderança da UGT (já lá se encontra há 17 anos, mas passa a pasta no ano que vem), foi esmorecendo.
 
Em abril, com o desemprego a explodir, Proença ameaçou denunciar o compromisso, dizendo que "o Governo negociou medidas no âmbito do Memorando da troika que vão contra o acordo de concertação social". Em agosto repetiu o aviso porque o Governo começou a emitir sinais de que estava à procura de alternativas ao corte de subsídios em 2013. "A paciência tem limites", disse.
 
Parece que à terceira o consenso social tão elogiado internacionalmente está por um fio.
 

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