Ana Sá Lopes – i online, opinião
Portugal precisa de
um governo libertado da síndrome de Egas Moniz
O FMI – um dos
elementos da troika – concluiu que a austeridade está a destruir a economia e
pede agora um “travão” às medidas sugadoras dos rendimentos dos cidadãos. A
Comissão Europeia – elemento central da troika – também chegou agora à conclusão
que o cenário macro-económico não vai permitir a Portugal cumprir as metas
irrealistas para 2013 acordadas com a mesmíssima troika. Chegámos a um estado
de sítio em que a troika não concorda com a troika, em que a troika constata
que os planos e objectivos da troika são destrutivos, em que a troika chumba o
programa da troika.
A crítica ao
falhanço (previsível) da receita FMI-Comissão Europeia-BCE deixou de estar
confinado em Portugal aos partidos de esquerda – o drama agora atravessa o PSD
e o CDS, como se vê diariamente (pelo menos entre os autênticos
sociais-democratas e democratas-cristãos), estende-se por toda a sociedade
civil, provocando uma “fissura” [palavra da troika] entre o povo e o programa.
Mas chegámos finalmente ao momento em que o problema do falhanço da receita
atravessa as próprias instituições que a decretaram.
É este é o problema
de fundo, que não se resolve com nenhuma remodelação nem com a queda do governo
– independentemente de estar neste momento em funções um governo espectral. Este
problema também não se resolve com um partido da oposição que passa o dia e que
são conhecidas algumas medidas do Orçamento do Estado concentrado em Renaults
Clio e outras marcas de automóveis. Não se resolve de todo com os partidos que
se assumem apenas como “de protesto”, como o Bloco e o PCP, rejeitando qualquer
hipótese de aliança governativa que vá para além de uma autarquia – e
tornando-se inúteis aos olhos da maioria dos portugueses, como diz o politólogo
André Freire.
O problema só se
resolve com um executivo credível e despojado do síndrome de Egas Moniz a
renegociar o memorando de entendimento para objectivos que permitam estancar e
diminuir o desemprego e abrir espaço ao crescimento da economia. Um executivo
que perceba que a troika concedeu um empréstimo – com juros altíssimos – e não
uma oferenda.
Do que se conhece
deste orçamento, mantém-se e aprofunda-se a linha do extermínio do emprego e do
consumo, num processo insane de agravamento das condições da economia que
“surpreende” os diligentes defensores da política da austeridade – com Gaspar à
cabeça. Vai acabar mal.
1 comentário:
O que vai valendo para manter a minha sanidade mental, são estes artigos, que demonstra que em Portugal não esta tudo loco. Só podemos estar a ser dirigidos por um bando de lunáticos sem ideias, então alguém acreditava em crescimento com estas medidas de restrição. Agora será que não esta na hora do POVO abrir os olhos, e questionar a razão da divida, onde é que o dinheiro foi parar (Freeports, Submarinos, PPP, Pandurs, vendas de património ao desbarato, etc...etc...). O que me parece é Os Políticos e o poder Judicial dançam uns com os outros a Banca dá musica e o Zé Povinho paga o bailarico.
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