Relações com Cabo
Verde são "excelentes" -- embaixadora norte-americana
25 de Outubro de
2012, 07:29
Cidade da Praia, 25
out (Lusa) - As relações entre os Estados Unidos e Cabo Verde são
"excelentes" e com grande margem de progressão, independentemente de
quem ganhar as eleições norte-americanas de 06 de novembro, disse hoje à
agência Lusa a embaixadora na Cidade da Praia.
Adrienne O'Neal,
acreditada em Cabo Verde desde 09 de dezembro de 2011, salientou a importância
que o arquipélago cabo-verdiano tem no contexto do Atlântico - ligação entre as
Américas, Europa e África -, e que o caminho a seguir passa pela diversificação
das relações comerciais e de cooperação.
As relações entre o
arquipélago e os Estados Unidos são das mais antigas, datam de 1740, quando os
baleeiros norte-americanos começaram a recrutar pescadores nas ilhas da Brava e
do Fogo.
Atualmente, as
relações bilaterais têm crescido significativamente, apesar de Cabo Verde
ocupar, em 2011, um modesto 201.º lugar nas importações norte-americanas -
apenas um milhão de dólares (cerca de 782 mil euros), mas mais 3,5 por cento do
que em 2010.
Em sentido
contrário, as exportações norte-americanas para Cabo Verde cresceram, de 2010
para 2011, cerca de 14 por cento, atingindo os 11 milhões de dólares (8,6
milhões de euros), deixando o arquipélago como o não menos modesto 198.º
destino das mercadorias oriundas dos Estados Unidos.
Atualmente, Cabo
Verde beneficia da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) norte-americana,
através do programa Millennium Challenge Corporation (MCC), e da antena local,
Millennium Challenge Account (MCA), sendo o único país de rendimento médio a
obter, da parte dos Estados Unidos, o segundo compacto MCC.
O primeiro vigorou
entre 2005 e 2011, no valor de 110 milhões de dólares (86 milhões de euros), e
privilegiou a melhoria do clima económico, das reformas das políticas públicas
e privadas e da produtividade agrícola, de estrada, pontes e portos, além de melhorar
o acesso da população aos mercados, emprego e serviços sociais.
O segundo, no
montante de 66,2 milhões de dólares (52 milhões de euros), entrará em vigor a
30 de novembro próximo, com o foco nas questões ligadas à água, saneamento e à
reforma da administração territorial.
Paralelamente, os
Estados Unidos, onde reside 51 por cento do total da diáspora cabo-verdiana,
têm procurado diversificar as relações, mantendo-se como a principal a defesa e
segurança do arquipélago que, pela sua posição geográfica, tem servido de plataforma
de trânsito de tráficos ilícitos oriundos da América do Sul e a Europa.
"A localização
de Cabo Verde não vai mudar, pois a posição geográfica é estratégica e de
benefício para as Américas, Europa e África", sublinhou O'Neal, indicando
que a Cidade da Praia tem tido um papel "importante" nesse combate.
"Estamos a
tentar diversificar as nossas relações, sobretudo no investimento comercial e
na formação. Gostaríamos de ter mais estudantes cabo-verdianos a estudar nas
nossas universidades", acrescentou, lembrando que a cooperação estende-se
também aos assuntos políticos.
"Cabo Verde é
muito importante para nós. Acredito que, devido à sua posição estratégica, nada
se altere nas relações bilaterais", concluiu O'Neal, aludindo à disputa
eleitoral entre Barack Obama e Mitt Romney, marcada para 06 de novembro.
JSD // HB
Política africana é
para manter ganhe quem ganhar
25 de Outubro de
2012, 07:29
Cidade da Praia, 25
out (Lusa) - A política norte-americana para África não mudará ganhe quem ganhar
as eleições presidenciais nos Estados Unidos de 06 de novembro próximo,
defendeu a embaixadora em Cabo Verde.
Numa entrevista à
agência Lusa na Cidade da Praia, Adrienne O'Neal sublinhou acreditar que a
aposta dos Estados Unidos em África tende a crescer e a diversificar-se e que
Washington manterá "grande atenção" aos tráficos ilícitos e à
pirataria marítima no atlântico.
"Não tenho
números, mas posso adiantar que tem havido muito mais interesse comercial. Em
março de 2011, estive no porto de Los Angeles (Califórnia, costa oeste dos
EUA), onde me perguntaram como se pode fazer comércio com África",
sublinhou a diplomata norte-americana acreditada na Cidade da Praia.
"Isso parece
um pouco remoto, porque há, nos Estados Unidos, portos muito mais perto do continente
africano. Mas reconhecem África como um mercado crescente, importante e que
merece ser explorado", acrescentou.
Segundo dados
oficiais do Tesouro norte-americano, em 2011, as exportações dos Estados Unidos
para a África Subsaariana, maioritariamente ligadas ao ramo automóvel e à
aviação, atingiram 21,1 mil milhões de dólares (cerca de 16,5 mil milhões de
euros), o que representou uma subida de 23 por cento em relação a 2010, com a
África do Sul, Nigéria e Angola a ocuparem os três primeiros lugares.
Por seu lado, os 49
países a sul do Saara exportaram para os Estados Unidos mercadorias no valor de
74,2 mil milhões de dólares (cerca de 58 mil milhões de euros), uma subida de
14 por cento em relação a 2010, com o petróleo da Nigéria, Gabão e Chade à cabeça,
a par dos minérios da África do Sul.
Num momento em que
decorre a campanha eleitoral norte-americana, entre o recandidato Barack Obama
e o pretendente Mitt Romney, todas as perguntas sobre a votação e sobre o que
se seguirá "são difíceis" de responder.
"Desde a
primeira visita do (antigo) Presidente (Bill) Clinton a África (em 1998) que
tem havido uma abertura significativa da política externa norte-americana em
relação a África. Recentemente, Obama inaugurou uma nova política, enfatizando
a ideia de fomentar a democracia e, ao mesmo tempo, a atividade comercial e o
crescimento económico", disse O'Neal.
Reconhecendo que as
duas ideias de Obama "vão ainda demorar a concretizar", a diplomata
norte-americana salientou que os esforços para a consolidação da democracia vão
continuar, com a aposta na diversificação das relações comerciais com o
continente, em que a tendência passa pela diminuição das compras do petróleo.
"A política
corrente dos Estados Unidos é de tentar utilizar cada vez menos o petróleo. As
energias renováveis, que são agora muito populares e que estão a ser bem
utilizadas em Cabo Verde, também são vertentes que estamos a explorar, para
ficarmos livres da dependência do petróleo", augurou.
A segurança
marítima - tráfico de droga, de pessoas e de armas, bem como a pirataria
marítima - terá nos Estados Unidos um ator importante, garantiu O'Neal,
lembrando que África já tem os "problemas do mundo moderno".
"A
globalização do crime e do trânsito de mercadorias ilícitas não escapa a nenhum
país. Tudo dependerá do desenvolvimento do comércio e da evolução de fatores
como a pirataria e o tráfico de droga. Depende de como essas questões
evoluírem", frisou.
Questionada pela
Lusa se uma eventual "onda anti-EUA", no norte de África após as
primaveras árabes, pode estender-se ao sul do Saara, O'Neal admitiu que o
assunto "preocupa" as autoridades norte-americanas, mas lembrou que
Washington tem relações "muitos boas com a maioria" dos estados
africanos.
"Pode sempre
estender-se. Este anti-americanismo por parte do mundo sobretudo islâmico não
vai fazer criar problemas. Mas não poderá é haver proliferação do terrorismo
abaixo do Sahel", avisou.
JSD // HB
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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