sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ECONOMISTA DIZ QUE AS CONTAS ESTÃO A SER MAL FEITAS E PORTUGAL É UMA COBAIA

 


Ana Rita Guerra – Dinheiro Vivo
 
João Duque sublinha que todas as previsões falharam
 
O economista João Duque diz que as contas de Portugal estão a ser mal feitas e que não será possível cumprir as metas traçadas.
 
"Há uma falha dos modelos. Vejam o que foi o orçamento de 2012", apelou, durante o evento IDC Directions que decorreu no Estoril. "Tínhamos uma previsão de cobrança do IRS, IRC e do IVA. Com base na última execução orçamental, vejam qual era a previsão e a realidade", continuou, mostrando quadros comparativos. O IRS subiu, o IVA desceu.
 
"Os orçamentos só servem para apontar os desvios, e isto são desvios colossais", frisou. João Duque considera que, perante as "grandes alterações que estão a ser impostas à economia portuguesa, e que os modelos não comportam", não se pode prever qual será o comportamento da economia.
 
"Os portugueses perderam poder de compra e desataram a poupar. Oops", gracejou, referindo que "em termos colectivos" o comportamento é, por vezes, inesperado.
 
"O que se passa na economia portuguesa é isto. Eu sinto-me uma cobaia porque não é possível ter a mais pálida ideia de qual vai ser o comportamento perante um ataque fiscal como o que se vai fazer. No entanto, as previsões estão lá. Não tenho confiança absolutamente nenhuma no modelo", assinalou.
 
Apesar do cenário negro, o economista acredita que Portugal "será um país repleto de oportunidades daqui a dez, quinze anos", depois de um êxodo provocado pela crise. "Portugal pode ser um país virado para a atração da terceira idade da Europa. Pode ser um país de logística", sugeriu.
 
João Duque pretende que o futuro seja pensado de forma abrangente. "Pagar as contas é apenas tratar das urticárias, não é mudar Portugal. E o nosso problema não é financeiro, apesar de ter essa aparência. As contas estão a ser mal feitas", concluiu.
 
Mostrando quadros com os vencimentos de dívida dos próximos anos, João Duque garantiu que não será possível pagar.
 

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