Pedro Cordeiro,
enviado a San Sebastián - Expresso
Os votos já estão
contados e já todos os envolvidos fizeram os seus discursos. Eleições no País
basco terminam com a vitória dos nacionalistas.
Voltar a página mas
sem loucuras é o objetivo de Iñigo Urkullu. O líder do Partido Nacionalista
Basco (PNV), que deverá substituir o socialista Patxi López como lehendakari
(líder do governo basco), disse domingo aos seus adeptos, em Bilbao, que
"enfrentar a crise exige ter os pés na terra".
Visivelmente
emocionado, este homem de tom sóbrio disse desejar "acordos amplos e
permanentes" para tirar o País Basco da crise. O PNV obteve 34,57% dos
votos e 27 deputados num parlamento autonómico de 75 assentos.
Enquanto os
militantes do PNV gritavam "Ari ari ari, Urkullu lehendakari!", o
candidato vencedor sublinhou que o povo basco "vai mais longe do que
qualquer ideologia", pelo que o País Basco "não se pode construir
através de confrontos, divisões ou exclusões".
Defendendo a paz e
a convivência, rejeitou quer a recentralização de poderes que certa direita
defende, quer "reformas unilaterais". E frisou a natureza europeia do
País Basco. "Somos Europa, o nosso futuro é a Europa". Mas não falou de
independência.
Mintegi anuncia
novo caminho
Mais eufórica foi
Lara Mintegi, candidata da Euskal Herria Bildu (EHB), aliança herdeira do braço
político da ETA, Batasuna. Sem se referir ao grupo terrorista, a candidata
independentista deu os parabéns "a um povo que se mobilizou, aldeia a
aldeia, bairro a bairro" e anunciou um novo caminho "sem
retorno" para o País Basco.
Com os seus 21
deputados e 25% dos votos, a EHB contribui para uma enorme maioria nacionalista
no novo parlamento: 48 de 75, ou seja, quase dois terços, como sublinhou
Mintegi.
"É hora de
começar a pensar neste povo como povo, como país", disse a candidata. Os
militantes da EHB gritavam "Independência!" e Mintegi não os
desiludiu: "Não pararemos até conseguirmos um País Basco livre, justo e
solidário, na Europa". E endureceu o tom para prometer: "As
imposições de Madrid não nos vão deter".
Constitucionalistas
derrotados
O grande derrotado
da noite foi o socialista Patxi López, atual lehendakari, que passa para
terceiro lugar e perde 9 dos 25 deputados que tinha. Com 19,19% dos votos,
López reconheceu a "forte recomposição do mapa político" e a fraca
mobilização do PSOE frente ao entusiasmo dos nacionalistas PNV e EHB.
Os defensores da
manutenção do País Basco em Espanha têm uma longa reflexão pela frente, e López
assumiu isso. Minutos depois, um porta-voz do PSOE nacional dizia que "os
resultados foram maus" quer no País Basco quer na Galiza. Nas redes
sociais começa a haver contestação ao líder nacional do PSOE, Alfredo Pérez
Rubalcaba.
O Partido Popular
também desceu, de 13 para 10 deputados, somando 11,73% dos votos.
"Queríamos mais votos e mais apoio", lamentou o seu cabeça de lista,
Antonio Basagoiti. Mas não desanima.
Promete "não
defraudar" os eleitores e garante que o discurso e a firmeza do PP "serão,
com esta maioria nacionalista, mais importantes do que nunca". A
secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, realçou as "condições
difíceis" em que o PP fez campanha e preferiu regozijar-se com o triunfo
do PP galego.
*Na foto Iñigo
Urkullu, o novo líder do Governo do País Basco – Rafa Rivas/AFP/Getty Images
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