segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Espanha - Eleições: NOVO PRESIDENTE DO PAÍS BASCO QUER MANTER OS PÉS NA TERRA

 


Pedro Cordeiro, enviado a San Sebastián - Expresso
 
Os votos já estão contados e já todos os envolvidos fizeram os seus discursos. Eleições no País basco terminam com a vitória dos nacionalistas.
 
Voltar a página mas sem loucuras é o objetivo de Iñigo Urkullu. O líder do Partido Nacionalista Basco (PNV), que deverá substituir o socialista Patxi López como lehendakari (líder do governo basco), disse domingo aos seus adeptos, em Bilbao, que "enfrentar a crise exige ter os pés na terra".
 
Visivelmente emocionado, este homem de tom sóbrio disse desejar "acordos amplos e permanentes" para tirar o País Basco da crise. O PNV obteve 34,57% dos votos e 27 deputados num parlamento autonómico de 75 assentos.
 
Enquanto os militantes do PNV gritavam "Ari ari ari, Urkullu lehendakari!", o candidato vencedor sublinhou que o povo basco "vai mais longe do que qualquer ideologia", pelo que o País Basco "não se pode construir através de confrontos, divisões ou exclusões".
 
Defendendo a paz e a convivência, rejeitou quer a recentralização de poderes que certa direita defende, quer "reformas unilaterais". E frisou a natureza europeia do País Basco. "Somos Europa, o nosso futuro é a Europa". Mas não falou de independência.
 
Mintegi anuncia novo caminho
 
Mais eufórica foi Lara Mintegi, candidata da Euskal Herria Bildu (EHB), aliança herdeira do braço político da ETA, Batasuna. Sem se referir ao grupo terrorista, a candidata independentista deu os parabéns "a um povo que se mobilizou, aldeia a aldeia, bairro a bairro" e anunciou um novo caminho "sem retorno" para o País Basco.
 
Com os seus 21 deputados e 25% dos votos, a EHB contribui para uma enorme maioria nacionalista no novo parlamento: 48 de 75, ou seja, quase dois terços, como sublinhou Mintegi.
 
"É hora de começar a pensar neste povo como povo, como país", disse a candidata. Os militantes da EHB gritavam "Independência!" e Mintegi não os desiludiu: "Não pararemos até conseguirmos um País Basco livre, justo e solidário, na Europa". E endureceu o tom para prometer: "As imposições de Madrid não nos vão deter".
 
Constitucionalistas derrotados
 
O grande derrotado da noite foi o socialista Patxi López, atual lehendakari, que passa para terceiro lugar e perde 9 dos 25 deputados que tinha. Com 19,19% dos votos, López reconheceu a "forte recomposição do mapa político" e a fraca mobilização do PSOE frente ao entusiasmo dos nacionalistas PNV e EHB.
 
Os defensores da manutenção do País Basco em Espanha têm uma longa reflexão pela frente, e López assumiu isso. Minutos depois, um porta-voz do PSOE nacional dizia que "os resultados foram maus" quer no País Basco quer na Galiza. Nas redes sociais começa a haver contestação ao líder nacional do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba.
 
O Partido Popular também desceu, de 13 para 10 deputados, somando 11,73% dos votos. "Queríamos mais votos e mais apoio", lamentou o seu cabeça de lista, Antonio Basagoiti. Mas não desanima.
 
Promete "não defraudar" os eleitores e garante que o discurso e a firmeza do PP "serão, com esta maioria nacionalista, mais importantes do que nunca". A secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, realçou as "condições difíceis" em que o PP fez campanha e preferiu regozijar-se com o triunfo do PP galego.
 
*Na foto Iñigo Urkullu, o novo líder do Governo do País Basco – Rafa Rivas/AFP/Getty Images
 
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