AC - Lusa, com foto
Pequim, 28 out
(Lusa) - A família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, rejeitou as
recentes acusações acerca da sua "fortuna escondida" e afirmou que o
governante "não desempenhou qualquer papel" nos negócios de
familiares, revelou hoje um jornal de Hong Kong.
"A chamada
'fortuna escondida' de membros da família de Wen Jiabao relatada pelo New York
Times não existe", diz um comunicado de dois advogados da família,
publicado pelo South China Morning Post.
É a primeira vez
que um alto lider chinês emite um comunicado refutando um artigo de um orgao de
informação estrangeiro, realça o South China Morning Post.
O comunicado,
emitido sabado à noite em Pequim pelos advogados Bai Taojun e Wang Weidong,
refere que alguns familiares do primeiro-ministro chinês "estiveram
envolvidos em actividades económicas, mas não cometeram qualquer ilegalidade e
nunca detiveram ações de qualquer companhia".
"Wen Jiabao nunca
desempenhou qualquer papel nos negócios de familiares e muito menos consentiu
que esses negócios tivessem qualquer influência na definição e execução das
suas políticas", afirma o comunicado.
De acordo com os
resultados de uma investigação publicada na passada quinta-feira pelo New York
Tines, a mae, a mulher, o filho e outros familiares de Wen Jiabao conseguiram
acumular "uma fortuna de pelo menos de 2,7 mil milhões de dolares"
(2,08 mil milhões de euros)
A mãe de Wen
Jiabao, Yang Zhiyun, é uma professora reformada que, segundo o New York Times,
detinha em 2007 uma participação no capital de uma grande seguradora estatal
avaliada em 120 milhões de dolares (92,6 milhoes de euros).
"Além da
pensão de reforma regulamentar que recebe, a mãe de Wen Jiabao nunca teve outra
fonte de rendimento ou propriedade", afirma o comunicado.
Os dois advogados
afirmam ainda que estão "mandatados" por familares de Wen Jiabao para
"continuar a prestar esclarecimentos acerca dos inverdadeiros relatos do
New York Times" e admitem "processar" o jornal.
Na sexta-feira,
questionado sobre o assunto, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios
Estrangeiros Hong Lei limitou-se a responder que "alguns relatos difamam a
China e têm segundas intenções".
Wen Jiabao, 70
anos, conotado com a corrente reformista do Partido Comunista Chinês (PCC),
termina em março de 2013 o segundo e último mandato à frente do governo.
As alegações do New
York Times foram recebidas como "uma bomba" entre os diplomatas e
jornalistas estrangeiros colocados em Pequim por atingir um lider descrito
habitualmente como uma "figura paternal" e de "origem
humilde", que tem defendido o "aprofundamento das reformas políticas
e económicas".
Há cerca de um mês,
um destacado lider do PCC, Bo Xilai, foi expulso do partido por corrupção,
abuso de poder e "outras graves violações da disciplina", mas, neste
caso, trata-se de uma personalidade conotada com a chamada corrente
"esquerdista" ou "neo-maoista".
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