segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fenômeno de rejeição semelhante ao de José Serra só ocorreu duas vezes na história

 

Pragmatismo Político
 
O que ocorreu com José Serra nas eleições municipais de 2012 ainda será estudado pelos cientistas políticos: como um político que contou com o apoio de praticamente toda a grande imprensa alcançou níveis de rejeição comparáveis aos de Paulo Maluf? O político símbolo do “rouba, mas faz”, ao menos, pode alegar que tinha a oposição dos meios de comunicação
 
A uma semana das eleições municipais, o destino da maior cidade do País parece selado. Como 52% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha não votariam em José Serra em hipótese alguma, sua vitória parece ser uma impossibilidade matemática.
 
Uma rejeição de 52% é um fenômeno raro na política. Já foi alcançada por Paulo Maluf, que teve 59% no fim da administração de seu pupilo Celso Pitta, e por Fernando Collor, que conseguiu 62%, na época do impeachment.
 
Estes dois, no entanto, eram alvo de denúncias constantes da imprensa. Serra, ao contrário, tem contado com a simpatia de praticamente todos os grandes veículos de comunicação nas eleições em que disputa. Em 2010, contra Dilma Rousseff, Serra teve o apoio explícito, mas não declarado, de Globo, Veja, Folha e Estado. Em 2012, contra Fernando Haddad, não é diferente.
 
Talvez esse apoio tão explícito, no momento em que a internet quebra os monopólios da comunicação e dá voz direta aos eleitores, ajude a explicar a rejeição a Serra. Outra explicação é a aliança do tucano com os setores mais conservadores, preconceituosos e retrógrados da sociedade brasileira, como foi apontado, neste sábado, pelo jornalista Ricardo Mendonça, editor-assistente da Folha de S. Paulo.
 
Na reta final da campanha, Serra voltou a usar filmes vinculando Paulo Maluf a Fernando Haddad. No entanto, quem se parece cada vez mais com Maluf, ao menos na rejeição, é Serra. E a seu favor, o político do “rouba, mas faz” pode alegar que tinha a imprensa contra. Serra conseguiu seus 52% com os meios de comunicação a favor. Um fenômeno a ser decifrado pelos cientistas políticos.
 

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