FP – HB - Lusa
Bissau, 15 out
(Lusa) - Os professores do ensino público da Guiné-Bissau estão em greve há
cerca de um mês e o conflito com o Governo está sem fim à vista por falta de
negociações.
"Quanto a nós
está tudo na mesma, porque o Governo não se dignou em chamar os sindicatos para
negociar. Portanto a greve continua na mesma e enquanto o Governo continuar em
silêncio e não negociar com os sindicatos, os sindicatos continuam com a mesma
força a sua luta", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional
dos Professores, Luís Nancassa.
As aulas do ensino
público da Guiné-Bissau deveriam ter começado a 17 de setembro e nesse dia o
Governo de transição procedeu à abertura solene do ano letivo. Mas quatro dias
antes os sindicatos dos professores já tinham entregado um pré-aviso de greve,
para começar a 17 de setembro e terminar a 07 de dezembro.
No último mês Governo
e sindicatos reuniram-se duas vezes, uma a 17 e outra a 19 de setembro, disse Luís
Nancassa à Lusa, explicando que essas reuniões de nada serviram porque foram
com pessoas "sem poder de decisão e que não levaram nada para a mesa
negocial".
Desde então não
houve qualquer outro contacto com o Governo, disse, acrescentando que a greve
tem uma adesão de 100 por cento.
Luís Nancassa disse
ainda à Lusa que os sindicatos estão a ser acusados de, com a greve,
"estarem a fazer política" mas acrescentou: "A nossa política é
para defender todo o pessoal", de qualquer partido, "que não está a
receber o que é de seu direito".
De acordo com o
sindicalista, quem está a fazer "má política" é o Governo.
"Paguem aos professores para que eles possam dar aulas, para que possam
servir o país. Apesar de o salário de um professor ser mísero ele precisa dele
para poder viver. E é isso que o Governo não está a fazer", disse.
O Governo de
transição, acrescentou Luís Nancassa, pagou os salários de abril e maio
"aos próprios militares que fizeram o golpe de Estado (de 12 de abril), a
outros funcionários de outros setores públicos, mas não pagou aos professores,
alegando que não trabalharam nesses meses. E quem é que trabalhou nos meses de
abril e maio na Guiné-Bissau?", questionou.
Luís Nancassa
responsabilizou ainda o governo pela possibilidade de este ser mais um ano
perdido para o ensino público da Guiné-Bissau. A principal exigência dos
professores é o pagamento de quatro meses de salários em atraso dos professores
contratados, reintegrados e novos ingressos, e 18 meses de salários em atraso
dos professores efetivos.
A aposta no Ensino,
segundo Luís Nancassa, é a única forma de acabar com "a política de
corrupção, de nepotismo, de amiguismo e de tribalismo e de outros males que
grassam na função pública e no país".
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