JSD - JMR - Lusa
Cidade da Praia, 15
out (Lusa) - A violência de género e a violência doméstica atingiram proporções
preocupantes em Cabo Verde, sendo "urgente" por cobro também ao abuso
sexual das crianças e ao trabalho infantil, disse hoje o presidente do parlamento
cabo-verdiano.
Basílio Mosso Ramos
falava na sessão de abertura do seminário de dois dias sobre o "Reforço e
Implementação das Instituições Nacionais de Direitos Humanos (INDH) nos Países
de Língua Oficial Portuguesa", promovido pelo Alto Comissariado para os
Direitos Humanos das Nações Unidas.
"A questão da
violência baseada no género, com destaque para a violência doméstica, é aquela
que atinge proporções mais preocupantes. As mulheres, de forma transversal,
estão entre a esmagadora maioria das vítimas", afirmou Basílio Ramos,
defendendo esforços para combater o "flagelo".
Na abertura de um
seminário promovido em colaboração com a Provedoria de Justiça e o Ministério
dos Negócios Estrangeiros de Portugal e com o Ministério da Justiça de Cabo
Verde, o presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana destacou também as
questões problemáticas do abuso sexual e do trabalho infantil.
"O abuso
sexual de crianças é uma realidade com que a nossa sociedade se tem defrontado.
Aparentemente, o número de casos tem crescido, o que pode ser atribuído ao
aumento das denúncias", admitiu, salientando que, em relação ao trabalho
infantil, "que não atinge as proporções de outras latitudes", é uma
realidade a que urge pôr fim.
"A sociedade
cabo-verdiana está consciente da importância e da excelência do trabalho que
todas as instituições relacionadas com a defesa dos Direitos Humanos têm
feito", acrescentou, defendendo a instalação da Provedoria de Justiça em
Cabo Verde, prevista desde a revisão constitucional de 1999, mas que ainda não
está em funções.
"Deve ser
reconhecida a utilidade do concurso do Provedor da Justiça, pela
complementaridade e pelo reforço da intervenção de todos estes atores para o
bem dos cidadãos", afirmou, indicando faltar apenas a
"consensualização" entre os partidos políticos com assento
parlamentar do perfil para o desempenho das funções.
Segundo Basílio
Ramos, há ainda outras questões "menos conseguidas" e "desafios
por vencer" na defesa dos Direitos Humanos de grupos vulneráveis -
crianças e adolescentes, portadores de deficiência, idosos, imigrantes,
refugiados e presos.
"O princípio
da igualdade está constitucionalmente consagrado, mas podemos constatar certa
desigualdade das mulheres em relação aos homens, em alguns domínios,
nomeadamente na esfera do poder que, pela sua importância, acaba por reproduzir
a desigualdade em outras áreas da vida", frisou.
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