quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: CURANDEIROS EGOÍSTAS, ESTRADA BISSAU-SENEGAL, FRANCOFONIA

 


Projeto de medicina natural da Cáritas na Guiné-Bissau há 10 anos à espera dos curandeiros
 
11 de Outubro de 2012, 12:29
 
Bissau, 11 out (Lusa) - A Cáritas começou há uma década um projeto de promoção da medicina natural na Guiné-Bissau programado para envolver os curandeiros, mas até hoje nem sequer um colaborou com a instituição religiosa, disse hoje à Lusa a coordenadora do projeto.
 
"Não dizem nada, não contam nada, quando morrem é uma farmácia que vai com eles", lamentou hoje à Lusa a coordenadora do projeto, a irmã Maria Raudino, da congregação das Missionárias da Imaculada.
 
Nascida na Sicília (Itália,) mas há muito na Guiné-Bissau, conta que já viu uma mulher curar a dependência do álcool com um preparado secreto. "Ela morreu e ninguém na família sabe hoje como o fazer", disse.
 
Ao longo da última década, a Cáritas, um organismo da Igreja Católica, tem desenvolvido a medicina natural mas a ideia inicial, de envolver os curandeiros, está longe de ser concretizada.
 
"Vamos às tabancas (pequenas aldeias) e falamos com eles, mas é difícil. No ano passado, o Ministério da Saúde promoveu um encontro com oito ou nove curandeiros, em Mansoa. Eles viram os nossos produtos, disseram que também usam, mas nenhum explicou nem como usa nem para que servem", contou a religiosa.
 
Até hoje são vários os curandeiros que chegam junto da Cáritas, especialmente do grupo que desenvolve a medicina natural em Mansoa (leste). Querem saber e ver, mas nunca dizem uma palavra sobre o seu ofício, referiu.
 
Ainda assim, o grupo "Natureza em Vida", da Cáritas, segue o seu caminho. No ano passado vendeu 565 garrafas de medicamento para a hepatite e "mais de 400" para a febre tifoide. Preparados naturais para a anemia, paludismo, bronquite ou asma também há, a preços baixos (cerca de 1,5 euros), explicou Maria Raudino.
 
"O que nos falta aqui é o material, os frascos e as caixas para as pomadas. Agora usamos as garrafas das cervejas porque aqui não há nada, nem sequer no Senegal", diz a responsável do grupo, que garante haver na Guiné-Bissau "muitos plantas de medicina natural". "Temos uma farmácia sem pagar nada", disse.
 
Os guineenses do interior recorrem essencialmente à medicina natural, mas segundo Maria Raudino até mesmo na capital, porque "aqui, na Guiné-Bissau, quem não tem dinheiro morre".
 
No Hospital Simão Mendes, o mais importante do país, qualquer consulta ou tratamento é pago. Mesmo uma operação de emergência só é feita se o doente pagar.
 
A Cáritas tem um grupo de cinco pessoas em Mansoa que recolhe, prepara e vende produtos de medicina natural, e mais duas em Farim (norte) e três em Bissorã (norte). Em Contuboel (leste) tem também um grupo a recolher e preparar uma raiz para a prevenção da malária.
 
Pela sua experiência, diz Maria Raudino que "os verdadeiros curandeiros são bons", acrescentando que há muita adesão da população à medicina natural, incluindo a praticada pela Cáritas naquele que foi um projeto impulsionado por uma especialista brasileira há mais de uma década.
 
"Às vezes são os próprios médicos que nos enviam doentes", conta, garantindo nunca ter ouvido falar de plantas ou preparadas que tenham levado alguém à morte.
 
Ao contrário, afirma, através da medicina natural até se curam mordeduras de cobras venenosas com a "pedra negra", um preparado que inclui osso de vaca. Mas o resto são plantas, folhas e raízes. E seria mais, se os curandeiros colaborassem.
 
FP // VM.
 
Iniciada construção de estrada que liga Guiné-Bissau ao Senegal
 
11 de Outubro de 2012, 14:51
 
Bissau, 11 Out (Lusa) - O primeiro-ministro de transição da Guiné-Bissau considerou hoje que a construção da estrada Mansoa-Farim, é "a concretização de um sonho" e frisou que a via irá permitir o acesso rápido ao Senegal e Guiné-Conacri.
 
Rui Duarte de Barros presidiu hoje à cerimónia do lançamento da primeira pedra para construção da segunda via rodoviária que ligará o país ao Senegal a partir do norte, um ato presenciado por vários membros do governo, por representantes de entidades regionais e por populares da vila de Mansoa.
 
A estrada, que deverá estar pronta dentro de 14 meses, irá permitir aos habitantes da zona norte da Guiné-Bissau "um rápido acesso aos mercados de países vizinhos", e desta forma "acelerar a economia" guineense com a do Senegal e da Guiné-Conacri, disse Rui Duarte de Barros.
 
Com 55 quilómetros de distância, a estrada Mansoa/Farim (leste e norte) é financiada pelo Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento (BOAD) e a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) em 12,5 mil milhões de francos CFA (19 milhões de euros).
 
O primeiro-ministro de transição enalteceu a "resposta pronta" destas duas organizações regionais já que pagaram os estudos e as obras para a construção e alargamento da estrada, tendo a cerimónia que assinala o início dos trabalhos sido marcada por discursos mas também por danças, comida e bebida.
 
Rui de Barros sublinhou que a Guiné-Bissau se sente grata pela solidariedade da UEMOA e BOAD, não só pela construção da estrada Mansoa/Farim mas também pelo facto de as duas organizações financiarem os estudos para a construção da ponte sobre o rio Farim.
 
"Desde a independência do nosso país que temos tentado arranjar formas de construir a ponte sobre o rio Farim", assinalou Rui de Barros, lembrando ainda que, desde que a Guiné-Bissau aderiu às duas organizações, em 1997, já beneficiou de mais de 87 mil milhões de francos CFA de ajudas e donativos (132,8 milhões de euros).
 
Com a construção da estrada Mansoa/Farim será possível chegar ao Senegal em pouco tempo sem ser através da região de São Domingos (Guiné-Bissau), entrando por Ziguinchor (Casamança).
 
Falando em nome da população da região de Oio (norte da Guiné-Bissau), Bubacar Djaló disse que as pessoas anseiam por uma diminuição do tempo de viagem entre Mansoa e Farim, que atualmente é de cinco a seis horas.
 
"Se esta estrada for construída pensamos que em 30 minutos poderemos estar em Farim", disse Bubacar Djaló, um ancião da vila de Mansoa que falou em nome da população da zona.
 
No entanto, Bubacar Djaló apelou ao primeiro-ministro de transição para que acabe com a greve dos professores, resolvendo as exigências daqueles.
 
Os professores das escolas públicas guineenses estão em greve geral há quase um mês para reclamar salários em atraso e melhorias de condições laborais.
 
MB // HB
 
Guiné-Bissau ausente da cimeira da Francofonia na RDC
 
11 de Outubro de 2012, 16:33
 
Bissau, 11 out (Lusa) - O governo de transição da Guiné-Bissau disse hoje estar desenvolver diligências para participar na cimeira da Francofonia, no fim de semana, na República Democrática do Congo (RDCongo), mas até agora não obteve qualquer resposta da organização.
 
De acordo com uma fonte do governo de transição, tudo indica que a Guiné-Bissau não estará na cimeira de Kinshasa já que o país está suspendo da Francofonia, na sequência do golpe de Estado de 12 de abril.
 
As autoridades de transição tentaram, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense, conseguir a representação do país na cimeira, mas "todos os contactos tidos até aqui com a organização da cimeira foram infrutíferos", assinalou a mesma fonte.
 
O Governo pretendia que o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pudesse estar presente na cimeira que decorre, entre sábado e domingo em Kinshasa, para fazer um pedido de apoio aos países da Organização Internacional da Francofonia (OIF).
 
A Guiné-Bissau tem um governo e um Presidente de transição saídos de um golpe de Estado perpetrado por militares em abril passado, mas as novas autoridades praticamente não têm o reconhecimento internacional, salvo de algumas organizações sub-regionais africanas.
 
MB. //EJ.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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