Representante da
ONU na Guiné-Bissau fala de progressos e reitera compromissos
12 de Outubro de
2012, 12:21
Bissau, 12 out
(Lusa) - O representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau considera
que houve progressos na crise do país, devido aos contactos iniciados nas
Nações Unidas, e garante que a ONU "vai manter o seu compromisso para com
a Guiné-Bissau".
Numa conferência de
imprensa hoje em Bissau Joseph Mutaboba disse ser "evidente" que houve
uma evolução, pelos contactos iniciados em Nova Iorque entre a CEDEAO
(Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a CPLP (Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa) e União Europeia, mas também pelos contactos entre
o Presidente de transição e o Presidente deposto.
"Esses
encontros iniciais constituem um passo" na direção de os guineenses se
esforçarem para a resolução da crise, disse, referindo-se ao encontro entre
Serifo Nhamadjo, Presidente de transição, e Raimundo Pereira, Presidente interino
deposto, ocorrido em Nova Iorque.
Outro
"desenvolvimento importante", disse na conferência de imprensa, foi a
decisão da CEDEAO, CPLP, ONU, União Europeia e União Africana de enviarem uma
missão conjunta à Guiné-Bissau, país mergulhado numa crise na sequência do
golpe de Estado de 12 de abril passado.
A data da missão
ainda não está definida, "mas a sua chegada a Bissau é para breve",
disse Joseph Mutaboba.
Ainda em Nova
Iorque, disse, das várias reuniões na sede das Nações Unidas recebeu garantias de
que a ONU "vai manter o seu compromisso para com a Guiné-Bissau, para que
o povo guineense possa viver na paz e estabilidade".
O representante do
secretário-geral da ONU reuniu-se esta semana em Dacar com os outros chefes das
missões de paz das Nações Unidas na África Ocidental, que salientaram que
"ninguém vai resolver os problemas da Guiné-Bissau se os guineenses, eles
mesmos, não consentirem esforços para lidar com o seu passado e o seu
futuro", contou.
"Foi reiterado
que os militares deveriam respeitar o Governo civil, abster-se de interferir
nos assuntos políticos e judiciais, e respeitar os direitos humanos e as
liberdades fundamentais", disse Joseph Mutaboba.
O chefe do Estado
Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, criticou recentemente,
de forma dura, a atuação da ONU e de Mutaboba na Guiné-Bissau, dizendo
inclusivamente que se pudesse expulsava o representante das Nações Unidas.
Hoje, questionado
pelos jornalistas, Joseph Mutaboba disse que se há Governo ou pessoas que
sentem "necessidade de exprimir a sua opinião sobre o trabalho da ONU e
dos seus funcionários em Bissau têm o direito de o fazer" e são livres
também de o fazer através "dos canais oficiais, que são bem
conhecidos".
De resto,
considerou que sente que está a cumprir a sua missão na Guiné-Bissau "a
cem por cento", fiel ao mandato das Nações Unidas de servir o povo do
país.
Sobre o facto de
António Indjai ter dito que se Carlos Gomes Júnior (primeiro-ministro deposto)
voltar ao país é responsabilidade dele próprio e da ONU, disse Joseph Mutaboba:
"A ONU não se substitui aos Estados membros, são os Estados que têm a responsabilidade
primeira de proteger os seus cidadãos e as organizações internacionais que
funcionam no seu país".
FP // VM.
Dirigente do maior
partido de oposição processado após chamar "líder violento" a Kumba
Ialá
12 de Outubro de
2012, 15:23
Bissau, 12 out
(Lusa) - O PRS, maior partido da oposição na Guiné-Bissau, vai instaurar um
processo disciplinar ao antigo ministro Sola N'Quilin, que acusou num jornal o
líder do partido, Kumba Ialá, de ser violento e se reger por princípios
étnicos.
Fonte da direção do
partido disse hoje à Lusa que Sola N´Quilin "está a ser instrumentalizado
pelos adversários do PRS em troca de benefícios pecuniários" e que se
arrisca a ser expulso do partido, fundado por Kumba Ialá em 1992.
Numa entrevista na
última edição do jornal "O Democrata", de Bissau, o antigo ministro
da Agricultura e membro da direção do PRS acusou o ex-Presidente guineense de
ser "um líder violento" e de se reger "por princípios
étnicos" na condução dos assuntos partidários e nacionais.
"Kumba Ialá é
um líder violento não só a nível do partido (PRS -Partido da Renovação Social)
como a nível nacional. As suas declarações antes do golpe de Estado de 12 de
abril demonstram claramente que Kumba Ialá é um homem violento", enfatizou
Sola N'Quilin.
Antigo líder
parlamentar do PRS, Sola N'Quilin é uma das poucas vozes críticas à liderança
de Ialá à frente do segundo maior partido da Guiné-Bissau.
Para Sola N'Qulin
constituiu um ato de violência política o facto de Kumba Ialá ter dito horas
antes do golpe de Estado de 12 de abril passado que não ia haver "nem
segunda, nem terceira e nem quarta volta" das eleições presidenciais então
em plena campanha eleitoral.
Na entrevista, o
responsável acusou ainda Kumba Ialá de dirigir o partido na base étnica,
socorrendo-se de indivíduos da etnia balanta para conseguir os seus intentos
políticos. Sola N'Qulin também é da etnia balanta.
E lembrou que foram
os militares "na sua maioria balantas" que derrubaram Kumba Ialá do
poder em 2003 através de um golpe de Estado, ao demonstrar que não são todos os
balantas que se revêm na forma de fazer política de Ialá.
Em resposta à
entrevista, a Comissão Política do PRS instruiu a Comissão de Jurisdição para
que instaure um processo disciplinar ao antigo ministro, "para que possa
ser responsabilizado pelas suas acusações", disse a fonte à Lusa.
Também a juventude
do PRS classificou como "a atitude cobarde e antidemocrática" as
acusações de Sola N´Quilin contra o "líder carismático" do partido,
além de serem também "um atentado à coesão interna do PRS".
MB // HB
Primeiro-ministro
deposto guineense apresenta queixa-crime contra chefe das Forças Armadas
12 de Outubro de
2012, 16:25
Bissau, 12 out
(Lusa) - Os advogados do primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau apresentaram
hoje em Bissau uma queixa-crime contra o chefe de Estado Maior das Forças
Armadas, António Injai, "e demais envolvidos no golpe de Estado de 12 de
abril", disse à Lusa fonte judicial.
De acordo com a
fonte, a queixa dos representantes de Carlos Gomes Júnior foi entregue hoje na
Promotoria de Justiça do Tribunal Militar Superior.
Ainda segundo a
mesma fonte, a equipa de advogados de Carlos Gomes Júnior e da mulher
(Floriberto de Carvalho, Ruth Monteiro, José Paulo Semedo e Itla Semedo) acusam
os militares, nomeadamente, de extorsão, agressão e invasão de propriedade
alheia.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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