sábado, 13 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: PROGRESSOS, KUMBA IALÁ "VIOLENTO", QUEIXA-CRIME CONTRA INDJAI

 


Representante da ONU na Guiné-Bissau fala de progressos e reitera compromissos
 
12 de Outubro de 2012, 12:21
 
Bissau, 12 out (Lusa) - O representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau considera que houve progressos na crise do país, devido aos contactos iniciados nas Nações Unidas, e garante que a ONU "vai manter o seu compromisso para com a Guiné-Bissau".
 
Numa conferência de imprensa hoje em Bissau Joseph Mutaboba disse ser "evidente" que houve uma evolução, pelos contactos iniciados em Nova Iorque entre a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e União Europeia, mas também pelos contactos entre o Presidente de transição e o Presidente deposto.
 
"Esses encontros iniciais constituem um passo" na direção de os guineenses se esforçarem para a resolução da crise, disse, referindo-se ao encontro entre Serifo Nhamadjo, Presidente de transição, e Raimundo Pereira, Presidente interino deposto, ocorrido em Nova Iorque.
 
Outro "desenvolvimento importante", disse na conferência de imprensa, foi a decisão da CEDEAO, CPLP, ONU, União Europeia e União Africana de enviarem uma missão conjunta à Guiné-Bissau, país mergulhado numa crise na sequência do golpe de Estado de 12 de abril passado.
 
A data da missão ainda não está definida, "mas a sua chegada a Bissau é para breve", disse Joseph Mutaboba.
 
Ainda em Nova Iorque, disse, das várias reuniões na sede das Nações Unidas recebeu garantias de que a ONU "vai manter o seu compromisso para com a Guiné-Bissau, para que o povo guineense possa viver na paz e estabilidade".
 
O representante do secretário-geral da ONU reuniu-se esta semana em Dacar com os outros chefes das missões de paz das Nações Unidas na África Ocidental, que salientaram que "ninguém vai resolver os problemas da Guiné-Bissau se os guineenses, eles mesmos, não consentirem esforços para lidar com o seu passado e o seu futuro", contou.
 
"Foi reiterado que os militares deveriam respeitar o Governo civil, abster-se de interferir nos assuntos políticos e judiciais, e respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais", disse Joseph Mutaboba.
 
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, criticou recentemente, de forma dura, a atuação da ONU e de Mutaboba na Guiné-Bissau, dizendo inclusivamente que se pudesse expulsava o representante das Nações Unidas.
 
Hoje, questionado pelos jornalistas, Joseph Mutaboba disse que se há Governo ou pessoas que sentem "necessidade de exprimir a sua opinião sobre o trabalho da ONU e dos seus funcionários em Bissau têm o direito de o fazer" e são livres também de o fazer através "dos canais oficiais, que são bem conhecidos".
 
De resto, considerou que sente que está a cumprir a sua missão na Guiné-Bissau "a cem por cento", fiel ao mandato das Nações Unidas de servir o povo do país.
 
Sobre o facto de António Indjai ter dito que se Carlos Gomes Júnior (primeiro-ministro deposto) voltar ao país é responsabilidade dele próprio e da ONU, disse Joseph Mutaboba: "A ONU não se substitui aos Estados membros, são os Estados que têm a responsabilidade primeira de proteger os seus cidadãos e as organizações internacionais que funcionam no seu país".
 
FP // VM.
 
Dirigente do maior partido de oposição processado após chamar "líder violento" a Kumba Ialá
 
12 de Outubro de 2012, 15:23
 
Bissau, 12 out (Lusa) - O PRS, maior partido da oposição na Guiné-Bissau, vai instaurar um processo disciplinar ao antigo ministro Sola N'Quilin, que acusou num jornal o líder do partido, Kumba Ialá, de ser violento e se reger por princípios étnicos.
 
Fonte da direção do partido disse hoje à Lusa que Sola N´Quilin "está a ser instrumentalizado pelos adversários do PRS em troca de benefícios pecuniários" e que se arrisca a ser expulso do partido, fundado por Kumba Ialá em 1992.
 
Numa entrevista na última edição do jornal "O Democrata", de Bissau, o antigo ministro da Agricultura e membro da direção do PRS acusou o ex-Presidente guineense de ser "um líder violento" e de se reger "por princípios étnicos" na condução dos assuntos partidários e nacionais.
 
"Kumba Ialá é um líder violento não só a nível do partido (PRS -Partido da Renovação Social) como a nível nacional. As suas declarações antes do golpe de Estado de 12 de abril demonstram claramente que Kumba Ialá é um homem violento", enfatizou Sola N'Quilin.
 
Antigo líder parlamentar do PRS, Sola N'Quilin é uma das poucas vozes críticas à liderança de Ialá à frente do segundo maior partido da Guiné-Bissau.
 
Para Sola N'Qulin constituiu um ato de violência política o facto de Kumba Ialá ter dito horas antes do golpe de Estado de 12 de abril passado que não ia haver "nem segunda, nem terceira e nem quarta volta" das eleições presidenciais então em plena campanha eleitoral.
 
Na entrevista, o responsável acusou ainda Kumba Ialá de dirigir o partido na base étnica, socorrendo-se de indivíduos da etnia balanta para conseguir os seus intentos políticos. Sola N'Qulin também é da etnia balanta.
 
E lembrou que foram os militares "na sua maioria balantas" que derrubaram Kumba Ialá do poder em 2003 através de um golpe de Estado, ao demonstrar que não são todos os balantas que se revêm na forma de fazer política de Ialá.
 
Em resposta à entrevista, a Comissão Política do PRS instruiu a Comissão de Jurisdição para que instaure um processo disciplinar ao antigo ministro, "para que possa ser responsabilizado pelas suas acusações", disse a fonte à Lusa.
 
Também a juventude do PRS classificou como "a atitude cobarde e antidemocrática" as acusações de Sola N´Quilin contra o "líder carismático" do partido, além de serem também "um atentado à coesão interna do PRS".
 
MB // HB
 
Primeiro-ministro deposto guineense apresenta queixa-crime contra chefe das Forças Armadas
 
12 de Outubro de 2012, 16:25
 
Bissau, 12 out (Lusa) - Os advogados do primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau apresentaram hoje em Bissau uma queixa-crime contra o chefe de Estado Maior das Forças Armadas, António Injai, "e demais envolvidos no golpe de Estado de 12 de abril", disse à Lusa fonte judicial.
 
De acordo com a fonte, a queixa dos representantes de Carlos Gomes Júnior foi entregue hoje na Promotoria de Justiça do Tribunal Militar Superior.
 
Ainda segundo a mesma fonte, a equipa de advogados de Carlos Gomes Júnior e da mulher (Floriberto de Carvalho, Ruth Monteiro, José Paulo Semedo e Itla Semedo) acusam os militares, nomeadamente, de extorsão, agressão e invasão de propriedade alheia.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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