quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: UM POVO E UM PAÍS REFÉNS DA GULA DO TRÁFICO DE DROGA

 


Governo deposto da Guiné-Bissau quer comissão de inquérito internacional a incidentes de domingo
 
RTP - Lusa
 
O Governo deposto da Guiné-Bissau condenou hoje os recentes incidentes no país, pedindo às Nações Unidas a criação de uma comissão de inquérito à morte de seis pessoas durante uma alegada tentativa para tomar um quartel em Bissau.
 
Na madrugada de domingo, um grupo de homens armados tentou tomar pela força o quartel dos para-comandos, uma unidade de elite das forças armadas da Guiné-Bissau, tendo resultado seis mortos dos confrontos, todos do grupo assaltante.
 
A informação foi prestada pelo Governo de transição, que acusa Portugal, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e o primeiro-ministro guineense deposto, Carlos Gomes Júnior, de envolvimento no ataque, considerado como uma possível tentativa de golpe de Estado.
 
Um dia após estes acontecimentos, a sede do principal partido da Guiné-Bissau, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), de Carlos Gomes Júnior, foi invadida por um grupo de militares que levaram à força e espancaram dois dirigentes políticos.
 
Em comunicado enviado à agência Lusa, os governantes depostos no golpe militar de 12 de abril, a residir atualmente em Lisboa, condenam "veementemente os sequestros, perseguições e espancamentos de dirigentes e responsáveis políticos" e repudiam "os atos de invasão e vandalização" da sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
 
No texto, enviado em papel timbrado da República da Guiné-Bissau e assinado pelo "Gabinete do Primeiro-Ministro do Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau", é reafirmada também a "urgência" de criação de um Tribunal Penal Internacional para a Guiné-Bissau e o envio de uma força militar para o país.
 
"O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau foi surpreendido com os acontecimentos ocorridos no passado dia 21 de outubro que ceifaram vidas e voltaram a colocar toda a população guineense num estado de sobressalto e profunda inquietação, pelo que, condena com toda a veemência e repúdio, este ato ignóbil e inqualificável", refere o texto.
 
Os governantes depostos entendem os acontecimentos de 21 de outubro como "um ato de clara demonstração do estado de desespero e desnorte em que se encontram os usurpadores do poder legítimo que, na vã tentativa de branquear, justificar ou tentar desviar as atenções sobre o caminho da bancarrota e de implosão interna a que estão conduzindo a nação, forjam "um mano military" atirando as culpas sobre terceiros".
 
Repudiam a "violência e a força como meios de resolução de qualquer diferendo", defendendo "o diálogo", "o bom senso" e "a diplomacia ativa" como instrumento das suas ações e reiteram "ao povo guineense e à comunidade internacional (...) a firme determinação na luta pelo restabelecimento da legalidade constitucional".
 
A Guiné-Bissau é gerida por um Governo de transição na sequência do golpe de Estado de 12 de abril, que tirou do poder Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro eleito nas eleições legislativas de 2008.
 
Estão previstas eleições gerais em abril do próximo ano.
 
PGR portuguesa ainda não recebeu pedido das autoridades guineenses sobre Gomes Júnior
 
RTP- Lusa
 
A Procuradoria-Geral da República (PGR) portuguesa ainda não recebeu o pedido emitido pelas autoridades da Guiné-Bissau no passado dia 10 para diligências sobre Carlos Gomes Júnior, o primeiro-ministro guineense derrubado no golpe de 12 de abril.
 
A informação foi avançada pelo gabinete de imprensa da PGR em resposta a uma questão colocada pela agência Lusa, que na terça-feira à noite teve acesso à carta rogatória relativa a Gomes Júnior que o Ministério Público guineense disse ter enviado para Portugal há quase 15 dias.
 
Na carta rogatória solicita-se que Carlos Gomes Júnior, o primeiro-ministro deposto e atualmente em Lisboa, seja ouvido no âmbito do processo de Helder Proença, ex-ministro da Defesa, assassinado em 2009.
 
Bissau pede às autoridades portuguesas que notifiquem Carlos Gomes Júnior para comparecer na Vara Crime do Tribunal Regional de Bissau no dia 10 de dezembro de 2012, às 15:00, "na qualidade de suspeito sobre os factos de que vem sendo acusado".
 
De acordo com as autoridades guineenses, anexa à carta rogatória foi enviada uma queixa de Ester Proença, mulher de Helder Proença, assassinado em 2009, quando Carlos Gomes Júnior era primeiro-ministro.
 
Na queixa afirma-se que o Governo, na pessoa do primeiro-ministro, denunciou na altura uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo Helder Proença, o que configura "denúncia caluniosa".
 
Na terça-feira, em declarações à Lusa em Bissau, o porta-voz do Governo de transição, Fernando Vaz, explicou que o Governo teve conhecimento das diligências do Ministério Público, mas que só aceitou falar do assunto porque este se tornou público.
 
Fernando Vaz disse também que o Governo tem informações de que as famílias de outros responsáveis assassinados na Guiné-Bissau, como o Presidente Nino Vieira ou nomes como Baciro Dabo, Iaia Dabo ou Samba Djalo, também intentaram processos, pelo que admite "uma catadupa de processos" contra Carlos Gomes Júnior.
 
Hoje, a Lusa contactou telefonicamente Carlos Gomes Júnior para lhe pedir um comentário sobre este assunto, mas o primeiro-ministro deposto escusou-se, alegando que estava a caminho de Pretória, África do Sul, para onde viajou na terça-feira à tarde.
 
Gomes admitiu, no entanto, falar à Lusa logo que regresse a Lisboa, no final do corrente mês.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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