PNG – PNG – Lusa,
com foto de António Dasiparu
Washington, 30 out
(Lusa) – O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta alertou na segunda-feira
para o risco de a Síria se tornar numa nova Somália e manifestou-se pessimista
em relação a uma solução rápida para um conflito que já provocou milhares de mortos.
Em declarações à
AFP, feitas a partir de Nova Iorque, onde deveria ter proferido uma palestra
que foi cancelada devido ao furacão ‘Sandy’, Ramos-Horta disse ver uma mistura
explosiva na Síria, por considerar que os rebeldes têm falta de credenciais
democráticas e que o Presidente Bashar al-Assad está determinado a lutar pela
sua sobrevivência e da sua comunidade.
“Vamos ver uma
guerra civil prolongada, quase uma ‘somalização’ da Síria, mas numa região do
mundo ainda mais perigosa. Infelizmente, não consigo ver um cenário melhor”,
disse.
A Somália foi
devastada por uma guerra durante duas décadas e ficou privada de um governo
central.
Ramos-Horta, prémio
Nobel da Paz em 1996 juntamente com o bispo timorense Carlos Filipe Ximenes
Belo, disse que outro paralelo com a Síria será o da guerra Irão-Iraque, entre
1980 e 1988, que provocou mais de um milhão de mortos e acabou “apenas quando
ambos os lados estavam exaustos”.
O ex-Presidente
timorense elogiou os Estados Unidos e os países europeus por lidarem com a
oposição síria de uma forma cautelosa, mas considerou ser “demasiado simplista”
culpar a Rússia e a China, que têm vetado iniciativas das Nações Unidas
lideradas por países ocidentais para pressionar Al-Assad.
Ramos-Horta disse
que o Presidente sírio tem muito armamento e não está disposto a demitir-se
depois de ver a morte do líder líbio Muammar Kadhafi e o julgamento do
ex-Presidente do Egito Hosni Mubarak, após de ter sido deposto.
Para o dirigente
timorense, a única hipótese de mudança na Síria estará nas mãos dos militares,
que foram decisivos na queda de regimes como o de Mubarak e o de Suharto, na
Indonésia, bem como nas recentes reformas na Birmânia (Myanmar).
“Esperava que na
Síria países como Arábia Saudita, Qatar e outros, em vez de atirarem lenha para
a fogueira, se esforçassem por convencer os militares a fazerem o gesto nobre –
e isso é dizer a Al-Assad que é tempo de partir”, afirmou.
1 comentário:
Na Somália não houve nenhum governo, os chamados ‘amantes da paz’: EUA, Grã-Bretanha, França e mais que condenava uma parte e apoiava a outra. A Guerra entre as várias facções na Somália causou uma vaga de governo e daí que reina a anarquia. Ao contrário da Síria, os mesmos governos ‘amantissímos da paz’ no mundo dá todo o apoio aos “…rebeldes [que] têm falta de credenciais democráticas”. E há aqui alguma coisa que não bate certo no raciocínio do ex-presidente. Por um lado, o senhor mostra-se pessimista mas por outro queira o fim do El-Assad, isto é pedir aos militares Sírios para levar a cabo um golpe de estado que pode causar mais vitimas. Destas declarações de “forked tongue” nada ajuda para a paz.
Enviar um comentário