terça-feira, 30 de outubro de 2012

JOSÉ RAMOS HORTA TEME QUE A SÍRIA SE TRANSFORME NUMA NOVA SOMÁLIA

 


PNG – PNG – Lusa, com foto de António Dasiparu
 
Washington, 30 out (Lusa) – O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta alertou na segunda-feira para o risco de a Síria se tornar numa nova Somália e manifestou-se pessimista em relação a uma solução rápida para um conflito que já provocou milhares de mortos.
 
Em declarações à AFP, feitas a partir de Nova Iorque, onde deveria ter proferido uma palestra que foi cancelada devido ao furacão ‘Sandy’, Ramos-Horta disse ver uma mistura explosiva na Síria, por considerar que os rebeldes têm falta de credenciais democráticas e que o Presidente Bashar al-Assad está determinado a lutar pela sua sobrevivência e da sua comunidade.
 
“Vamos ver uma guerra civil prolongada, quase uma ‘somalização’ da Síria, mas numa região do mundo ainda mais perigosa. Infelizmente, não consigo ver um cenário melhor”, disse.
 
A Somália foi devastada por uma guerra durante duas décadas e ficou privada de um governo central.
 
Ramos-Horta, prémio Nobel da Paz em 1996 juntamente com o bispo timorense Carlos Filipe Ximenes Belo, disse que outro paralelo com a Síria será o da guerra Irão-Iraque, entre 1980 e 1988, que provocou mais de um milhão de mortos e acabou “apenas quando ambos os lados estavam exaustos”.
 
O ex-Presidente timorense elogiou os Estados Unidos e os países europeus por lidarem com a oposição síria de uma forma cautelosa, mas considerou ser “demasiado simplista” culpar a Rússia e a China, que têm vetado iniciativas das Nações Unidas lideradas por países ocidentais para pressionar Al-Assad.
 
Ramos-Horta disse que o Presidente sírio tem muito armamento e não está disposto a demitir-se depois de ver a morte do líder líbio Muammar Kadhafi e o julgamento do ex-Presidente do Egito Hosni Mubarak, após de ter sido deposto.
 
Para o dirigente timorense, a única hipótese de mudança na Síria estará nas mãos dos militares, que foram decisivos na queda de regimes como o de Mubarak e o de Suharto, na Indonésia, bem como nas recentes reformas na Birmânia (Myanmar).
 
“Esperava que na Síria países como Arábia Saudita, Qatar e outros, em vez de atirarem lenha para a fogueira, se esforçassem por convencer os militares a fazerem o gesto nobre – e isso é dizer a Al-Assad que é tempo de partir”, afirmou.
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Na Somália não houve nenhum governo, os chamados ‘amantes da paz’: EUA, Grã-Bretanha, França e mais que condenava uma parte e apoiava a outra. A Guerra entre as várias facções na Somália causou uma vaga de governo e daí que reina a anarquia. Ao contrário da Síria, os mesmos governos ‘amantissímos da paz’ no mundo dá todo o apoio aos “…rebeldes [que] têm falta de credenciais democráticas”. E há aqui alguma coisa que não bate certo no raciocínio do ex-presidente. Por um lado, o senhor mostra-se pessimista mas por outro queira o fim do El-Assad, isto é pedir aos militares Sírios para levar a cabo um golpe de estado que pode causar mais vitimas. Destas declarações de “forked tongue” nada ajuda para a paz.

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