segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Portugal: Congresso das esquerdas pode gerar “movimentações” para Belém


Vasco Lourenço

Luís Claro com Sónia Cerdeira – i online

No sábado, mais de mil pessoas vão reunir-se no Congresso Democrático das Alternativas. Vasco Lourenço diz que da “futura movimentação” pode surgir uma candidatura à Presidência da República

O capitão de Abril, e um dos principais promotores do Congresso Democrático das Alternativas, Vasco Lourenço, admite que possa sair deste movimento uma candidatura à Presidência da República. Em declarações ao i, Vasco Lourenço realça que esta iniciativa não tem como objectivo lançar um candidato, mas espera que “desta movimentação e da futura movimentação” surja “uma candidatura que seja diferente” e com “capacidade para ganhar as presidenciais” (ver entrevista ao lado no i).

O capitão de Abril acredita que a partir deste congresso – que vai realizar-se no dia 5 de Outubro – será “possível gerar uma dinâmica que gere alternativas”. “Só se pode ser alternativa democrática conquistando o poder”, acrescenta. Uma das figuras mais faladas para Belém, à esquerda, é Carvalho da Silva, que está também envolvido na organização do evento. “Pode ser uma solução”, admite o presidente da Associação 25 de Abril.

É porém comum, entre os organizadores, a preocupação de afastar a ideia de que o encontro pode levar à criação de um partido político ou ser a base de uma candidatura a Belém. “O Congresso não pretende lançar qualquer tipo de candidatura para qualquer tipo de eleições, nem criar um novo partido político. O que será possível fazer dependerá do debate”, afirma ao i Daniel Oliveira, outro dos promotores desta iniciativa.

O ex-dirigente do BE rejeita ainda que a iniciativa pretenda unir as forças políticas de esquerda. “Não cabe a nós dizer quem se deve unir com quem, não somos casamenteiros, não é essa a nossa função”. Contudo, admite, o objectivo é dar à sociedade portuguesa “caminhos alternativos” e “obviamente os partidos são aí actores”. “Mais do que dizer quem se deve entender com quem é perceber em torno do quê vale a pena entenderem- -se”, defende Daniel Oliveira.

Também José Manuel Pureza, um dos promotores e dirigente do BE, rejeita a pretensão de uma união da esquerda mas admite que é “urgente haver alternativas e é importante que tenham condições políticas e força política para serem executadas”.

CONTRA A TROIKA 

A iniciativa nasceu com o objectivo de criar um movimento comum contra o acordo da troika. Ao todo já se inscreveram quase mil pessoas para participarem no congresso de 5 de Outubro e cerca de três mil subscreveram a convocatória que defende a necessidade de “denunciar o Memorando da troika e as suas revisões e abrir uma negociação com todos os credores para a reestruturação da dívida pública”.

A ideia é que este encontro entre as várias sensibilidades da esquerda portuguesa seja apenas um ponto de partida. “O congresso é um começo e não um fim, para que o diálogo continue a funcionar”, afirma Daniel Oliveira. E acrescenta: “Não nos cabe dizer como podem ser feitas as convergências, mas queremos mostrar que há mais coisas do que se pensa a juntar quem está na oposição contra o caminho de austeridade.”

Desde que o congresso foi marcado – há quase três meses – muita coisa aconteceu e subiu de tom a contestação contra o governo e contra as medidas de austeridade. “Os maiores propagandistas deste congresso foram o primeiro- -ministro e o Presidente da República com estes últimos acontecimentos”, sintetiza Vasco Lourenço.

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