André Rito - Joaquin
Cardoso - Diário de Notícias – foto Álvaro
Isidoro/Global Imagens
Milhares de pessoas
estão concentradas frente à escadaria da Assembleia da República. As grades de
proteção foram derrubadas e os elementos da PSP no local colocaram os
capacetes.Os manifestantes gritam "Coelho sai da toca", "os
ladrões estão lá dentro e a polícia está cá fora".
Os manifestantes
começaram a chegar cerca das 16.30. Nas primeiras horas de protesto não houve
incidentes de maior - apenas um homem tentou romper a barreira de segurança e
registou-se o rebentamento de alguns petardos - houve sobretudo críticas ao
Orçamento de Estado, considerado "um massacre dos direitos dos
portugueses".
Cerca das 19.50 os
populares começaram a formar o cerco ao Parlamento - iniciativa que deu o mote
a este protesto - e derrubaram as grades de proteção, com os protestos a subir
de tom.
Pedem a demissão do
Governo e os petardos não param de rebentar. Duas jovens despiram-se em sinal
de protesto.
Alguns
manifestantes trouxeram tambores que ainda não se fizeram ouvir e muitos
ostentam cartazes feitos em casa e alguns acenam bandeiras negras.
Na escadaria e em
frente ao Parlamento estão colocados algumas dezenas de agentes do Corpo de
Intervenção da Polícia de Segurança Pública que vigiam o desenrolar dos
acontecimentos.
Cerca das 22.00 os manifestantes
acenderam uma fogueira em frente à escadaria da AR e foram lançados vários
petardos.
"Para mim acho
que isto é demais", disse à Lusa Acácio Augusto Marques, observando o
contingente policial. Este soldador reformado afirmou ter "descontado 40
anos para receber agora uma reforma de 280 euros".
Descontente com o
estado do país, vaticina que "isto tem que rebentar por algum lado",
acrescentando que se dirigiu ao Parlamento onde hoje foi entregue o Orçamento
de Estado "pela primeira vez em 60 anos".
"É a primeira
vez que entro numa coisa destas. Antes só tinha visto na televisão",
declarou, referindo que espera que seja um protesto pacífico e defendendo que
"é preciso é compreensão de parte a parte".
Ana, uma
odontologista, veio até São Bento como "forma de pressão e demonstrar
indignação", argumentando que "os portugueses estão a pagar muito
mais do que podem".
Em declarações à
Lusa referiu que "a dívida tem de ser renegociada e o tempo para a pagar
alargado". Ana defende que "o Governo tem de recuar ou então tem que
haver eleições antecipadas, se tiver que ser".
Acrescentou que é
preciso os portugueses fazerem "um apelo à unidade nacional",
frisando que "radicalizações não levam a lado nenhum".
"Centro,
esquerda e direita, somos todos precisos", defendeu, notando que está
"um bocado cansada dos partidos".
O Governo entregou
hoje na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado de 2013, que
prevê um aumento dos impostos, incluindo uma sobretaxa de 4% em sede de IRS.
O orçamento é
votado na generalidade no final dos dois dias de debate, 30 e 31 de outubro.
A votação final
está agendada para 27 de novembro no parlamento.
A manifestação,
intitulada "Cerco a S. Bento! Este não é o nosso Orçamento" foi
convocada pelos movimentos 15 de Outubro e Sem Emprego para contestar a
política do Governo.
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