Não se trata de um
pedido, mas de uma exigência, porque assim tem sido, sr. ministro: Não volte a
dar gargalhadas em público
Sílvia de Oliveira –
Dinheiro Vivo, opinião
Hoje a situação
atingiu os limites do insuportável. As suas brincadeiras não têm piada, sr.
ministro, Honório Novo não quer que lhe dê os parabéns pelo seu aniversário,
como os portugueses também detestam as suas gargalhadas e o seu duvidoso
sentido de humor.
O episódio que
aconteceu hoje na comissão parlamentar de economia e finanças é apenas a gota
de água da falta de respeito de Vítor Gaspar. Quem assistia aos trabalhos da
comissão parlamentar - as televisões transmitiram a audição do ministro das
Finanças - ficou a saber que o deputado comunista fazia anos porque Gaspar lhe
quis dar, publicamente, os parabéns, Honório Novo não gostou, porque,
provavelmente, naquele momento, estava mais preocupado com outros assuntos, e
lá saiu mais um momento de boa disposição ministerial, com direito a chalaça e
tudo.
Não teve piada. Os
portugueses, a quem pede um esforço horrível - começa a ser difícil definir o
seu plano de austeridade -, não admitem estas piadolas, a si, a Passos Coelho,
ou a qualquer outro membro deste Governo. Mesmo que bem-intencionadas, autênticas
e destituídas de qualquer maldade, as suas gargalhadas, aliás, os seus sorrisos
incomodam, irritam e ofendem. E percebe porquê, não percebe, sr. ministro?!
Ontem, o Governo
anunciou que vai cortar o valor mínimo do subsídio de desemprego para 377 euros,
que vai cortar o rendimento social de inserção e o complemento solidário para
idosos. Ontem, o Governo anunciou que vai cortar nos rendimentos dos que vivem
na miséria. Quando se pensava que nada mais do que este Governo fizesse
causaria surpresa, eis que não é assim, infelizmente ainda é capaz de fazer
pior - já não é possível definir esta política de empobrecimento. O que sabemos
é aquilo que nos acabou de dizer: para manter este Estado Social, ou seja, para
continuar a pagar pensões aos mais velhos, ou para pagar subsídios aos que não
conseguem emprego, temos que pagar ainda mais impostos.
E lá está, a mesma
estratégia terrorista: 'Ah, vamos cortar 42 euros ao patamar mínimo do subsídio
de desemprego'; 'Ah, afinal, não sabemos bem, ainda estamos a negociar com os
parceiros sociais e isto é só uma proposta e ainda não sabemos bem o que vai
ser'. Como é que um Governo que pede tamanha enormidade a toda a gente é capaz
de fazer isto?! Este anúncio de cortes, que antes de ser escrito já estava a
ser desmentido, serve para quê?!, serve para baixar ainda mais as expectativas
e para desmoralizar ainda mais para o que aí vem?!
Não tem piada. E
por isto tudo, não se trata de um pedido, mas de uma exigência, porque assim
tem sido, sr. ministro: Não volte a dar gargalhadas em público, faça-o na
intimidade do lar, apareça em público inexpressivo, é preferível, mas não se
volte a rir. Contenção, sr. ministro, também do seu estado de espírito.
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